sexta-feira, 28 de agosto de 2009

no princípio era o texto parte 14 DEDICATÓRIA-EPITÁFIO




"MOISÉS, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no CABO: DIFERENÇA RADICAL entre este livro e o Pentateuco."

Excerto de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Joaquim Maria Machado de Assis(1839-1908).


5 comentários:

Valéria Martins disse...

Não entendi nada... Será que é porque acabei de acordar?

Beijos, querido Pablo

Pablo Lima disse...

ah, deve ser. você é entendida do assunto,oras !(:

Paloma Flores disse...

Desculpa a ignorância, mas não entendi nada! Hahahahhahahaha!

Pablo Lima disse...

lindonas, machado quis ironizar com ambos os "fatos": tanto ele quanto o profeta Moisés foram "autores-defuntos", pois “escreveram” após terem passado desta para melhor e tiveram a própria morte como tema de seus relatos.

Machado fez isto quando personificado na figura de Brás Cubas, seu personagem no romance citado; e Moisés, que usou a Bíblia para descrever os seus últimos dias.

"introíto", em latim, quer dizer início, entrada - daí termos a palavra introdução; e "cabo", diante de seus incontáveis significados, aqui quer dizer “ao final, no fim”.

Logo, Brás Cubas quis dizer que a diferença entre ele ter contado sobre a sua morte no livro e a maneira como Moisés o fez se dá de maneira diferente porque Cubas o fez no início (nas partes iniciais do livro) enquanto Moisés deixou para falar disso no final (segundo Machado, no CABO) da obra que escreveu, no caso o Pentateuco (nome dado ao Velho Testamento e seus cinco livros).

Indo além – se é conseguimos avançar ao nível machadiano de observação - clarifica-se a intenção de Machado em ironizar a Bíblia e a veracidade da autoria dos testamentos, já que, morto, Moisés não poderia falar de si mesmo e, consequentemente, as escrituras sagradas não teriam sido de sua autoria.

a "diferença radical" citada no trecho encontra base no fato de haver uma DIFERENÇA entre falar da própria morte em uma obra de ficção e fazer o mesmo em um LIVRO que por muitos é tido como a "verdade absoluta".
Fica clara p mim a crítica direta à veracidade das Escrituras, e Machado não poderia tê-lo feito de maneira mais próxima de sua personalidade.

Paloma Flores disse...

Aaaaaaaaaah! Agora eu saquei.
Sério, eu nunca ia chegar a essa conclusão sozinha.