sábado, 25 de julho de 2009

papo QUALQUER COISA



CAZUZA: Podemos chorar de saudade dele; mas sempre tornamos a nos alegrar com sua presença divertida e desafiadora. Ele é uma das pessoas que mais sabem expressar este difícil fato de entender e admitir: OS HUMANOS SOMOS TODOS IMORTAIS!

ESTADOS UNIDOS: Amo os Estados Unidos. Apenas não exijo do Brasil menos do que levar mais longe muito do que se deu ali e, mais importante ainda, mudar o rumo de muitas linhas evolutivas.

FELLINI: a palavra saudade é o nome do que eu sentia em relação a Federico, uma saudade infinita por nunca tê-lo visto em pessoa, por ter conversado com ele (MUITAS VEZES) apenas em sonhos.

INSPIRAÇÃO: inspiração quer dizer: estar cuidadosamente entregue ao projeto de uma música posta contra aqueles que falam em termos de década e esquecem o minuto e o milênio.

MILTON NASCIMENTO: Milton é a nossa alegria! ele é a mãe de Nina Simone, a avó de Clementina, o filho futuro do neguinho que a gente via UPA NA ESTRADA do Zumbi de Edu, de Elis.

MPB: a música popular brasileira não se renova a cada semana. Como o povo mesmo, ela é densa, complexa e custa a mudar. Nenhum avanço real é pequena mudança.

ROCK: o rock brasileiro dos anos 80, aquela onda enorme que representou a maturação do estilo entre nós, foi um acontecimento auspicioso porque saudável e rico, revitalizador do ambiente e revelador de numerosos grandes talentos.

PAULINHO DA VIOLA: um abraço sempre novo em Paulinho cantando, um abraço pelo seu sinal, ele é um grande amor. É a pessoas de quem mais gosto no Rio de Janeiro que passou em minha vida.

CINEMA: Procurar saber cada vez mais sobre arte cinematográfica não é apenas um PASSATEMPO ESNOBE, mas uma necessidade vital da cultura e do homem moderno.

IMPRENSA: do mesmo jeito que a FATOS E FOTOS nunca foi o verdadeiro intervalo, a VEJA não é e jamais será a VERDADEIRA REALIDADE.

HERMANO VIANNA: gosto muito do pesamento dele, da inteligência, mas acho que ele é um homem de ação, um herói moral e intelectual, que sente a força e o peso prático dos atos e das idéias. Se João Gilberto é um gênio e José Miguel Wisnik é um santo, Hermano Vianna é um herói, uma das pessoas mais importantes de nossas vidas.


RAP: Sou louco por hip-hop desde “Beat Street”, filme do início dos anos 80. Por causa dele compus “Língua”. Mas desde que vi garotos de moto com cara de zangados na Praça da Purificação, fazendo-a parecer-se muito com o Complexo do Alemão, tenho reação negativa imediata à política do rap. Em 1983 eu pensava que rap era a verdadeira música de protesto revolucionário: não era feita por intelectuais da classe média que se apiedavam dos favelados, mas por favelados. Hoje vejo que a moda da marra, o clima de bandidagem (mesmo que às vezes criticado na superfície) faz estrago e pode causar degenerescência em vez de libertação.

CHICO BUARQUE: o jovem compositor-cantor excelente e sedutor, a estrela máxima do público estudantil que lotava os auditórios na época dos festivais tornou-se unanimidade nacional; Chico foi o grande sintetizador das conquistas modernizadoras da bossa-nova com os anseios de volta aos samba tradicional dos anos 30 e de avanço no sentido da crítica social. Como letrista, ele era ao mesmo tempo Vinícius de Moraes, Caymmi e Noel Rosa; como músico, um pouco Carlos Lyra, um pouco Ataulfo Alves. Tudo isso compunha uma imagem preciosa que sua beleza física, sua educação naturalmente elegante e seu gênio pessoal só faziam realçar. Ele encarna o melhor da história da música brasileira e é bom que todos o vejam assim.

LUIZ GONZAGA: foi o cara que, no seu tempo, melhor explorou e riqueza possível dos novos meios técnicos. Ele inventou uma forma de conjunto, um tipo novo de arranjo, um ideal uso do microfone.

Trechos de entrevistas e resenhas de Caetano Veloso concedidas à imprensa brasileira entre os anos de 1961 e 2007.

2 comentários:

Valéria Martins disse...

Quero assistir "Coração vagabundo"!

Pablo Lima disse...

vamos combinar??