Poucos discordam de que um olhar pode não só representar muito bem uma realidade, mas também pode alterá-la. E os também românticos também sabem disso. Desde o último romântico a deixar de balilar nos campos – O DERNIER PIED-NOIR franco-argelino ZINEDINE ZIDANE – encontrei no tema em questão ausência de razões para o viés complexo, subjetivo e conotativo frente às paixões mais avassaladoras.
Mas o dia de ontem me fez acreditar que o futebol, apaixonante em sua essência, pode trazer à tona o mesmo sentimento que obtive na relação com ele durante os últimos anos; a atmosfera ajudou: Flamengo, Maracanã e Futebol formam um trinômio dos mais expressivos, um banquete que anuncia que emoções estão por vir a qualquer momento. Mas relacionar o cracaço de bola Zidane com o sérvio Dejan PETKOVIC deve ter os seus mistérios; para não parecer complexo, focalizemos apenas um ato comum a ambos. Como em uma ópera, em que os atos são valorizados em cenas específicas – apontem argumentos contra isso, por favor – alguns lances no futebol são cenográficos e trazem à vista dos mais ansiosos belos momentos além dos vistos pela generalidade.
Um brilhou no maior evento esportivo já criado, a Copa do Mundo, cujo foco está dante da retina de 3 bilhoes de indivíduos; o outro nao foi tão longe, mas aproveitou o mai charmoso estádio do mundo e a rivalidade dos dois maiores campeões em solo brasileiro para deixar suas marcas.
Em ambos, o momento mais fatal do esporte, a cobrança da penalidade máxima; a ambos os atores, a responsabilidde de triunfar no lance perante o goleiro; e afim aos dois, o misto de frieza, sensibilidade e ironia, presente apenas a quem nasceu para ser idolatrado.
O toque sutil ao gol, com a bola descrevendo uma lenta e mordaz parábola, corroeu as chances de os goleiros simularem qualquer tipo de reação, atitude típica do seleto grupo dos fora de série, em que a vicissitude se faz mais presente em vários momentos. E isso tudo COMO SE COM OS ROMÂNTICOS assim também não o fosse.
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