Com o tema “Carnaval versus televisão: novas diretrizes para o desfile das escolas de samba”, defendi o meu projeto de conclusão do curso de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense.
A minha proposta era mostrar que os desfiles assumiam novas diretrizes estéticas quando incorporavam-se à linguagem televisiva. Expliquei que isso se devia a uma proposta dos dois lados, ou seja, tanto a emissora de TV tentava impor as suas preferências como regras para transmitir os desfiles mas também o próprio folião, os desfilantes, outrora “preocupados” em “brincar de se exibir” (apud CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros) , passaram a ser percebidos como alguém cujo intuito era participar da programação televisiva enquanto percorria a pista de desfiles.
Para fundamentar a proposta, usei expressões já existentes, como “potencial televisivo”, essa como uma "regra" que definia qual imagem ou folião possuía imagem com potencial televisivo, assim sendo escolhido pelas câmeras como alguém apto a aparecer na tela;
e criei outras também. A de minha autoria que mais apropriadamente marcou o projeto foi o termo “telefolião”, que seria o folião que participa do desfile com o intuito de aparecer na tela de TV. Ou seja, tais “telefoliões” nada mais faziam do que criar uma linguagem televisiva própria, cuja maior consequência foi a de facilitar o trabalho dos câmeras, pois os foliões já se vestiam ou portavam – ou esculpiam os corpos, também serve - a fim de ter sua imagem considerada como de grande potencial televisivo, e assim, terem seus corpos, gestos e propósitos veiculados na telinha.
Tirei a ideia de telefolião a partir do futebol; com base no torcedor que vai ao estádio com o intuito de mostrar cartazes com dizeres e mensagens a serem lidos pelo narrador de TV do jogo em questão.
Chamei este de “teletorcedor”, aquele cujo intuito da ida ao estádio vai além do propósito de assistir ao jogo, e chega à vontade de ter sua imagem – ou a do objeto que lhe pertence - veiculada na tela. Da mesma forma, tanto o teletorcedor quanto o telefolião lutam para ter imagem com potencial televisivo.
Da mesma forma que usei o torcedor com cartaz como exemplo, para a folia não vejo melhor personagem do que a madrinha de bateria.
É óbvio que há diferenças, já que o teletorcedor não participa “ativamente” do evento em questão, ele não entra na arena do espetáculo; e a madrinha de bateria está em campo, em um lugar disputado e venerado por muitos.
Mas caso consideremos os aspectos mais importantes de um desfile de escola de samba, como o enredo a ser representado em fantasias e alegorias, o canto dos componentes e os outros quesitos que compoem o regulamento desse espetáculo, será que podemso considerar que a madrinha de bateria é peça importante e fundamental do processo carnavalesco?
Será que se a televisão decidir não participar do espetáculo, a presença da madrinha de bateria ainda sera vista como primordial ao evento?
Comentários por parte de vocês urgem. Aguardo-os.
Nenhum comentário:
Postar um comentário