Uma noite, quando saiu para admirar a cidade, um barulho ensurdecedor espantou-o. Então notou que as ruas estavam cheias de povo. Automóveis passavam, carregando moças fantasiadas. Loucura geral… Paulo Rigger compreendeu que era o sábado de Carnaval. Tomou um carro. E começou a rodar atrás de um auto de moças. Eram as virtuosas filhas de um moralista exaltado. Rigger jogou na mais bonita delas um pouco de lança-perfume. O seio molhado parecia querer pular fora da blusa. Ela gargalhou histérica. Foram dançar, depois. E o aperto da sala e a dança que os juntava fazia-a desfalecer. Beijou-a muito. Apalpou-a muito. E notou que todos se beijavam e todos se apalpavam. Era o Carnaval… Vitória de todo o instinto, reino da carne… Paulo Rigger gritou: - Viva o Carnaval! E a sala inteira: - Viva o Carnaval! E a virtuosa senhorita apertou-se mais a ele. Quando Paulo Rigger saiu, um grupo de mulatas sambava na rua. Cor de canela, seio quase à mostra, requebravam-se voluptuosamente, num delírio.
Trecho de "O País do Carnaval", de 1931, primeiro romance de Jorge Amado.
2 comentários:
Meu caro
desfilaste no Monobloco? Colei na corda, procurei, mas não te vi!
Beijos!
Parabens, gosto muito dos seus textos e citações. becana esse, mas de quem é a foto? você sabe?
Arthur
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