terça-feira, 22 de junho de 2010

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mandoulous Prochuveirous e outros craques na África...


















Cobertura Moderna

Por JOÃO Ubaldo Ribeiro, publicado no Jornal O Globo em 20 de junho de 2010.


Esse que entrou agora aí é o Güterwagen, que joga no Strappaziert de Colônia, não é isso mesmo?

- Isso mesmo, é a sexta participação dele num jogo dessa seleção alemã. A primeira foi num amistoso em Munique, em 15 de maio de 2008, quando ele entrou em campo para substituir Trockenbagger, que saiu contundido exatamente aos 23 minutos do segundo tempo. E a anterior a esta foi na última partida das eliminatórias, quando ele ficou no banco. Foi a 19ª vez em que ele ficou no banco e, curiosamente, sempre sentado do lado direito do técnico, exatamente como está agora.

- Perfeito. Mas parece que ele não está sozinho nessa mania, não tem um outro jogador que faz a mesma coisa?

- Você está lembrando o zagueirão Plusqueparfait, dos Camarões.

- Isso mesmo, o Plusqueparfait, o popularíssimo Pupu! Eu conheço muito os pais do Pupu, estive lá com eles, em minha última visita à aprazível Yaoundé, capital da República dos Camarões. O Plusqueparfait naturalmente mora na França, onde joga no Bêtise de Toulouse, mas seus pais, d. Muana e s. Buano, ainda moram lá em Yaoundé, naquela vida simples a que estão acostumados. Não creio que eles estejam me assistindo agora, mas, de qualquer forma, quero enviar um abraço especial para d. Muana, carinhosamente chamada de Muanette pelos seus familiares. Um beijo para a d. Muanette aqui de nossa equipe, o esporte é assim mesmo, o futebol é assim mesmo, aproxima as pessoas e os povos. Epa! Enquanto eu estava distraído aqui, o Wagenspinner irrompeu pela grande área adentro e mandou uma bomba que o goleirão espalmou de susto! Eu acho que essa ele espalmou de susto, não foi, não?

- É o que parece. Essa bola saiu a 126 quilômetros por hora, quer dizer, um pontapezinho respeitável.

- É verdade, essa foi apenas a terceira bola de mais de 125 quilômetros disparada do lado esquerdo da grande área, no primeiro tempo de um jogo entre seleções de continentes diferentes, este ano!

- Também com aquele pezão, o Wagenspinner… Olha só o tamanho, o pé dele parece uma prancha de surfe.

- É o maior número de chuteira da Copa, 48, bico largo, e assim mesmo feita sob medida para ele. O Wagenspinner superou o Schlepper, também da seleção alemã, que até a Copa passada era o recordista, calçando 47. Hoje o recorde do Schlepper já foi igualado por Nicomakowsky, da Rússia, e Zambetovic, da Sérvia. E o recorde absoluto do chuteirão agora é indiscutivelmente do Wagenspinner.

- Que não gostou, porque o árbitro já havia invalidado o lance anterior ao chute dele, marcando impedimento do seu companheiro Wildeber. Para mim, não estava, eu acho que o Sakonakara dava condição ao Wildeber, bem ali do lado direito. Vamos rever aqui.

- Marcação perfeita. No instante do lançamento, o Wildeber estava quatro centímetros à frente do Sakonakara, em clara posição de impedimento. Acertou o árbitro, mais uma vez.

- É, realmente, quatro centímetros, dá pra ver aqui sem a menor sombra de dúvida. A arbitragem tem tido um padrão muito bom, nesta Copa, não tem?

- De modo geral, sim. Nesse caso mesmo, trata-se de um trio grego de muita tarimba. Os auxiliares, Oipopoulos Saidopoulos e Papapoulos Catapoulos, estão em sua primeira Copa, mas são muito experientes, cada um com mais de 15 anos na liga grega. E o árbitro principal, Seforpênaltis Eudoulos, está em sua segunda copa. Esse é um árbitro com grande história pessoal, neto do lendário Mandoulous Prochuveirous, que fez escola em toda a Europa balcânica, apitando pela liga macedônia. Seu neto pode não ser igual a ele, até porque são outros tempos, mas é um árbitro muito bom. E tem um senso de colocação também muito bom, você vê que ele está presente em todos os lances, mas não corre muito, desloca-se sempre na medida do necessário. Veja aqui, só correu até agora um total de 0,9 quilômetros, o que é muito pouco, quando se sabe que, nesta Copa, a média de distância percorrida pelos árbitros está bem acima de dois quilômetros e acho que quem cravou três quilômetros no bolão das distâncias percorridas pelos árbitros vai se dar bem, apesar da contenção aqui do sr. Eudoulos.

- É verdade, eu também tenho essa opinião. E quanto ao futebol que está sendo jogado no momento? Por enquanto, a posse de bola está bem equilibrada, com 51 por cento para os alemães e 49 por cento para os japoneses. Um instante, mudou agora! Ah, sim, a última verificação dá 52 por cento para os alemães e 48 por cento para os japoneses, alterou-se o panorama!

- É, pode ser até empolgante, mas não creio que venha a se refletir no resultado da partida. Eu acho que o problema enfrentado pelas duas equipes, talvez um pouco mais pela japonesa, é uma questão de atitude.

- Que é isso, cara, a questão da atitude era na Copa passada, nesta é a qualidade.

- Tem razão, distração minha. Qualidade, claro. É óbvio que a seleção da Alemanha, até pela sua tradição futebolística, tem mais qualidade do que a japonesa. Mas…

- Termina o primeiro tempo! Não vá embora, porque no intervalo teremos a execução do Concerto Número Um para Vuvuzela e Orquestra, com o famoso solista Tispandongo Uzuvido, a Copa é uma festa!

sábado, 19 de junho de 2010

ENSAIO sobre as palavras - parte II




Amaram o amor urgente

As bocas salgadas pela maresia

As costas lanhadas pela tempestade

Naquela cidade

Distante do mar

Amaram o amor serenado

Das noturnas praias

Levantavam as saias

E se enluaravam de felicidade

Naquela cidade

Que não tem luar

Amavam o amor proibido

Pois hoje é sabido

Todo mundo conta

Que uma andava tonta

Grávida de lua

E outra andava nua

Ávida de mar
E foram ficando marcadas

Ouvindo risadas, sentindo arrepio

Olhando pro rio tão cheio de lua

E que continua

Correndo pro mar

E foram correnteza abaixo

Rolando no leitoEngolindo água

Rolando com as algas

Arrastando folhas

Carregando flores

E a se desmanchar

E foram virando peixes

Virando conchas

Virando seixos

Virando areia

Prateada areia

Com lua cheia

E à beira-mar


Mar e Lua, por Francisco Buarque de Holanda, nascido em 19 de junho de 1944.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

ENSAIOS sobre as palavras...




"Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular, como os espojinhos que atravessam o campo levantando poeira, folhas secas, insignificancias, que para mais não lhes chegam as forças, bem melhor seria vivermos em terras de tufões. Outras vezes uma palavra é quanto basta."

JANGADA DE PEDRA, José Saramago.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

enquanto a bola rola...












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..ela também quica, voa e assume novas formas da maneira mais agradável, esfuziante e encantadora possível!
E é claro que não estou me referindo à Copa do Mundo de Futiba, isso por dois motivos: é fato que a característica maior da pelota nos gramados mundo afora se dá pelo ato de rolar; e também porque se há algo de esplendor acontecendo no meio esportivo no momento é a finalíssima do basquete da NBA entre os gigantes Los Angeles Lakers e Boston Celtics.


Quem acompanhou os últimos jogos sabe o que estou a dizer. A série final está empatada em 3 a 3, e a última partida, que irá definir o campeão desse ano, será realizada na proxima sexta-feira, dia 18.
Imperdível para os amantes da bola alaranjada e dos quiques magistrais dados por ela à mão de seus artífices.

Celtics e Lakers integram o grupo dos mais tradicionais clubes da NBA desde os idos dos lendários Larry BIRD e Earving Magic JOHNSON (retratados abaixo).
E ainda haverá quem diga que a maior atração esportiva da próxima sexta será Eslovênia versus Estados Unidos, em Johannesburgo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

a degola, enfim...



“O futebol é constituído em sua maior parte pela técnica, e esse esporte fantástico foi feito para o prazer, para o gozo, e não para correr para cima e para baixo dando pontapés como uma galinha degolada”.

Johann Cruyff, jogador holandês, destaque nas copas de 1974 e 78.

sábado, 5 de junho de 2010

inedito viaggio










FRANCESCA SCHIAVONE,


primeira italiana a vencer o Grand Slam de Roland Garros.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

BARBAS, neuroses E BIGODES




NA DIVIDIDA
luis fernando veríssimo


Contam que depois de um vexame do David Beckham num jogo da Copa na Alemanha, sua mulher Victoria teria ligado para seu celular e dito algo como "Anime-se, baby. Seu cabelo estava ótimo".Uma frase cheia de sentidos. Significava que futebol é apenas futebol e que nada é tão trágico que não tenha suas compensações. Significava que ninguém deve se abater com um tropeço passageiro porque a vida continua e pode ser bela, ainda mais se você é o David Beckham e tem o seu cabelo. Mas, pressupondo-se uma dose de cinismo no comentário da Victoria, que era uma das Spice Girls, ou garotas apimentadas, a frase era para lembrar o marido das suas prioridades: tudo pela Inglaterra, certo, baby, mas acima de tudo a sua. A seleção não era tão importante quanto o estado do seu cabelo. Com os jogadores de futebol ganhando cada vez mais e portanto sua integridade física valendo cada vez mais, não é de admirar que na hora de meter o pé para dividir uma bola a questão das prioridades passe pela sua cabeça, em meio segundo. Arriscar tudo — perna, sustento da família, contratos de publicidade, futuro — na dividida, ou esquecer tudo isso e entrar, pela camiseta ou pela pátria, para rachar? Uma crítica feita a alguns jogadores brasileiros naquela Copa era que estariam mais preocupados com suas imagens pessoais do que com o sucesso do grupo. Cada um tinha o seu cabelo do Beckham para cuidar.Não sei até que ponto a decisão do Dunga para dirigir a seleção nasceu desta constatação, justa ou não. Ninguém imaginava que ele fosse um estrategista, mas se existiu um jogador que nunca hesitou em entrar de corpo, alma e cabelo numa jogada, na história recente do futebol brasileiro, foi o Dunga. Ele teria sido contratado menos como técnico do que como exemplo. O que torna toda a discussão sobre planos e táticas e jogadores convocados ou não convocados um pouco irrelevante. Dunga nunca escondeu o tipo de jogador que prefere, e foi coerente. Sua coerência como treinador é a mesma do jogador que entrava na bola sempre com a mesma decisão, sem pensar em se autopreservar. Anunciando sua convocação coerente apesar de toda a pressão, Dunga foi, mais uma vez, na dividida.

quarta-feira, 2 de junho de 2010