segunda-feira, 28 de abril de 2008

80 ANOS EM CORES E VERSOS

Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira
(fundado em 28 de abril de 1928).


























































POBRES REACIONÁRIOS

domingo, 27 de abril de 2008

ANDORINHA SÓ NÃO RESISTE AO VERÃO




Aos nove anos de idade, o garoto Francisco Alves Mendes Filho deu uma guinada em sua vida ao iniciar-se na atividade de extração de látex das seringueiras na floresta amazônica. Indignado com as condições de vida dos trabalhadores e dos moradores da região amazônica, Chico Mendes tornou-se em pouco tempo líder do movimento de defesa dos trabalhadores rurais de sua região. Defensor dos direitos dos seringalistas, fundou em 1975 o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, no Acre. Participando ativamente de atividades contra o desmatamento, montou o Conselho Nacional de Seringalistas, uma organização não-governamental criada para defender as condições de vida e trabalho das comunidades que dependem da extração e cultivo na floresta.

Chico Mendes também atuou na luta pela posse da terra contra os grandes proprietários, algo impossível de se pensar na região amazônica até os dias de hoje. Dessa forma, entrou em conflito com os donos de madeireiras, de seringais e de fazendas de gado. Participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, em 1977, e no mesmo ano foi eleito vereador para a Câmara Municipal local. Em busca de sustentação política, foi um dos ícones da criação do Partido dos Trabalhadores, tornando-se seu dirigente no Acre. Em 1982, tornou-se presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Xapuri e foi acusado de incitar posseiros à violência, mas foi absolvido por falta de provas.

Mas todas estas datas nada seriam caso não fossem somadas à mais representativa delas: há 20 anos, em 22 de dezembro de 1988, data que marca o ínicio do solstício de verão, Chico Mendes acabou abatido pelo sistema. Com 44 anos recém-completados à época, Chico foi assassinado à porta de casa, deixando um enorme legado de lutas e resistências que, soadas por um canto individual, pouco resistiram e representaram para a maioria do povo brasileiro.

sábado, 26 de abril de 2008

TOP FIVE MOVIES

Os meus cinco filmes preferidos dos últimos...sei lá...anos!

4. AS INVASÕES BÁRBARAS


Denys Arcand, Canadá, 2003

O termo "indefinível" pode muito bem definir a obra-prima de Denys Arcand, que já brilhara com "O Declínio do Império Americano"(1986) e foi ainda mais longe ao aproveitar o conturbado momento histórico pelo qual passa(va)mos - o título do filme, a meu ver, remete diretamente aos ataques de 11 de Setembro, mesmo sem definir quem é o real "bárbaro" da história"- para homenagear as relações entre os homens e suas escolhas.

Perfeito no roteiro e preso uma forma simples, Arcand é sutil ao fazer da obra um marco para a geracão (a dos jovens de hoje) que não consegue lidar muito bem com o fim das ideologias que marcaram o século passado, mostrando o quanto um grupo de historiadores se diverte ao analisar o fim de suas ilusões de esquerda. E no longa isto se evidencia quando Remy, um erudito professor de história à beira da morte reencontra o filho, este operador no mercado financeiro e despolitizado. Ou seja, Remy vê no filho tudo aquilo que ele não foi e que sempre abominou. E o interessante é que tais diferenças não serve para desunir os dois, e o diretor deixa claro que uma das causas das união entre pai e filho se dá porque os "velhos companheiros" já não sofrem mais com o capitalismo selvagem que dominou o globo. Para eles, é hora de se divertir rindo disso, e lembrar que a aniquilação dos índios da América, o extermínio ordenado por Stálin e Tsé Tung e o holocausto da segunda guerra mundial foram bem mais complexos para as transformações do mundo do que a queda das Torres Gêmeas. E lembrar também que a história teima em seguir seu rumo.

3.MATCHPOINT

Woody Allen, Reino Unido, 2006.














Encarno a pele de um etnólogo e entro na estrutura do regime britânico para analisar com olhos antropológicos o espectro derradeiro do Reino Unido. Sim, o foco é a estrutura de classes inglesa, mas como observar isto sem a presença e o olhar oracular de Woody Allen ?

Lançando mão de um roteiro engenhoso e um humor negro já manifestado em suas obras anteriores, o diretor de "Manhattan" apresenta um neo-triângulo amoroso, de remeter em parte aos delírios machadianos, encarnado por um professor de tênis que se apaixona pela namorada de seu melhor amigo e cuja irmã se tornará sua esposa.

Complicado, não? Seria, caso Allen não tirasse o foco da trama romântica e apostasse nas análises semi-invisíveis aos reles mortais e adeptos do cinema pipoca: as ácidas criticas à burguesia européia, mais presas ao papel dos sogros do protagonista, (este o referido e sortudo professor de tênis) que serviu sob medida como um troco aos críticos que lhe haviam rotulado como alguém incapaz de fazer filmes que tratassem da neurose humana fora dos limites da fronteira noaiorquina; Allen dá uma aula aos que dele duvidaram e nos presenteia com uma nova obra-prima, depois de alguns anos com filmes “medianos”- sem deixarmos de lado o "etnocentrismo" ao perceber que qualquer obra mediana de Allen, ainda que elaborada com o clarinete em punho, vai muito além dos feitos da grande maioria da classe artística em geral.

A cena do beijo e a conseqüente transa na chuva, diante do campo de trigo (?), é absolutamente surreal, deixando boquiabertos até os menos românticos. E o que dizer do olhar hipnotizante por parte de Scarllet Johansson , que parece ter encantado tanto Allen- e também a nós - a ponto de este tê-la eleita como a protagonista ideal de seus longas- vide por "Scoop” e por um próximo, ainda em fase de montagem, no qual a lourinha também brilhará. Até nisto ele acerta...

2. FALE COM ELA


Pedro Almodóvar, Espanha, 2002


A apresentação de uma tourada sempre me aflorou os mais paradoxais sentimentos: fúria, encantamento, dó, arrebatamento. E dessa vez, emoldurado pela sétima arte, aponto como um dos mais belos momentos do cinema o embate entre Lydia e um desconhecido bovino, isto engrandecido por uma Elis Regina inspiradíssima ao entoar Jobim como fundo musical.Um perfeito cenário para focalizarmos a força, a brutalidade do animal a ser aniquilado, mas como tudo em Almodóvar é um poço de situações subjetivas, é o corpo humano que se torna um espaço visual de celebração!

De maneira exata, visceral, Almodóvar se apresenta em Fale com Ela redimido pelos excessos, atos gratuitos e delírios anteriores ao se dedicar à leitura da mente humana de maneira perfeita, tendo como centro da trama duas mulheres em coma: a já citada Lydia e Alicia, uma bailarina. A cuidar da última está um zeloso e obssessivo Benigno, que transforma o seu amor em horror. Já Lydia está sob atenção de Marco, que nos dá lições de lealdade e empatia poucas vezes vista no cinema.

Volta e meia me pergunto o porquê de Almodóvar ter deixado para nos deliciar com sua obra-prima apenas agora. Talvez ele não tenha presenciado tantas touradas antes a ponto de criar personagens cada vez mais selvagens e estranhos.







quarta-feira, 23 de abril de 2008

TATUAGEM SEMI-OCULTA

O Invasor, Beto Brant, 2001


“Vamos falar de coisas mais agradáveis. Você quer que eu tire a roupa?"

E antes que eu dissesse qualquer coisa, Mirna repetiu os movimentos de quadris para livrar-se da calça apertada.

"Quero mostrar uma coisa pra você", ela disse, enquanto tirava a camiseta num movimento rápido. Quando Mirna despiu a calcinha, pude ver uma pequena tatuagem colorida, que se misturava aos pêlos aloirados de seu púbis, ficando semi-oculta. Um dragão.

Meu pai tinha um símbolo tatuado no ombro esquerdo, um círculo, no interior do qual havia uma serpente enrolada numa espécie de punhal. Uma coisa sinistra. Mas eu só descobri isso quando fui ajudar meu tio a banhá-lo, no dia em que ele se matou. Foi então que eu me toquei de que, até aquele dia, nunca tinha visto meu pai sem camisa. Mesmo quando viajávamos para a praia, nas férias, ele permanecia o tempo inteiro de camiseta, dizendo que não gostava de pegar sol. Semanas depois de sua morte, perguntei à minha mãe sobre aquela tatuagem. O assunto pareceu perturbá-la e ela desconversou, como se aquele símbolo estivesse ligado ao seu suicídio.

"E aí, não gostou do meu dragão? "

Mirna estava tão próxima que eu podia sentir o perfume discreto de seu corpo...

Trecho de "O Invasor", de Marçal Aquino.

terça-feira, 22 de abril de 2008

ARISTÓTELES + COPPOLA

O Poderoso Chefão, 1972
"A busca de benefícios recíprocos é a causa mais comum da amizade, até mesmo entre os malfeitores"

segunda-feira, 21 de abril de 2008

CAMUS NO BRASIL - PARTE II


"No Rio de Janeiro, em meio a esse loucos lânguidos e trepidantes, que dançavam para morrer, o calor, a poeira e a fumaça dos charutos, o cheiro humano tornam o ar irrespirável. Saio, trôpego, e respiro afinal deliciado o ar fresco. Amo a noite e o céu, mais do que os deuses dos homens."







"Gosto de Recife. Florença dos Trópicos, entre as suas florestas de coqueiros, suas montanhas vermelhas, suas praias brancas."

"Iguape, entre a floresta e o rio, comprime-se à volta da grande igreja do Bom Jesus. Algumas centenas de casas, mas de um estilo único, baixas, caiadas, multicoloridas. Ao hospital "Feliz Lembrança", que traz bem o seu nome, com a homenagem calorosa a este Brasil que aboliu a pena de morte e a esta Iguape onde a gente compreende este gesto."





"Sobre esta terra imensa, que tem a tristeza dos grandes espaços, a vida está no nível do chão e seriam necessários muitos anos para a ela integrar-se; aqui [na Bahia] comemos pratos tão apimentados que fariam andar qualquer paralítico. Imensa casbah fervilhante, miserável, suja e bela."




"E no mais alto cume das montanhas, que parecem esmagar a cidade, reluz um imenso e lamentável Cristo luminoso."


Trechos de "Diários de viagem", escrito por Albert Camus em sua passagem pelo Brasil em 1949.

sábado, 19 de abril de 2008

PRECAVIDOS DE PLANTÃO

"O cálculo frio é a nossa honra; o sistema da casa!
Não morro como um convertido.
Se sarasse ia de novo lutar pela nota.
Ia ser pior do que fui; e mais precavido."


Trecho de "O Rei da Vela"(1933) ,
Oswald de Andrade.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

VAGÕES NOS TRILHOS

A ROTA DO INDIVÍDUO

Mera luz que invade a tarde cinzenta

E algumas folhas deitam sobre a estrada

O frio é o agasalho que esquenta

O coração gelado quando venta

Movendo a água abandonada

Restos de sonhos sobre um novo dia

Amores nos vagões, vagões nos trilhos

Parece que quem parte é a ferrovia

Que mesmo não te vendo te vigia

Como mãe, como mãe

que dorme olhando os filhos

Com os olhos na estrada

E no mistério solitário da penugem

Vê-se a vida correndo, parada

Como se não existisse chegada

Na tarde distante, ferrugem ou nada.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

NOVAS MARIAS


A russa Maria Kirileko, de 21 anos, desponta como a mais nova musa/fera das quadras nos próximos anos pelo que vem mostrando no WTA de Estoril, em Portugal.
Kirileko não teve problemas para chegar às semifinais do torneio e nas quartas ela passou com facilidade pela italiana Tathiana Garbin: 2 sets a 0, parciais de 6/0 e 6/1. Pelo andar da carruagem- e que carruagem, até Cinderela perde! - Kirileko fará em breve como outra compatriota e xará, a musa do momento Maria Sharapova, e alcançará as primeiras posições do ranking feminino antes mesmo de todos os marmanjos se apaixonarem. Hajam raquetes especiais para Cinderelas & Marias quadras afora...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

CAMUS NO BRASIL

"Uma vez mais, durante horas e horas, olho para esta natureza monótona e estes espaços imensos; não se pode dizer que sejam belos, mas colam-se à alma de uma forma insistente. País onde a vegetação inextricável torna-se disforme e onde os sangues misturam-se a tal ponto que a alma perdeu seus limites. Um marulhar pesado, a luz esverdeada das florestas, o verniz de poeira vermelha que cobre todas as coisas, o tempo que se derrete, a excitação breve e sensata das grandes cidades - é o país da indiferença e da exaltação. Não adianta o arranha-céu, ele ainda não conseguiu vencer o espírito da floresta, a imensidão, a melancolia."





"Todo o Brasil me aguarda febrilmente; minha vinda a este país é a coisa mais importante que ocorreu há um número considerável de anos. Aqui, sou tão famoso quanto Proust(...) Terra cruel! Como fazer para não tocar em nada? Que exílio definitivo encontrar?"






"O Brasil, com sua fina armadura moderna colada sobre esse imenso continente fervilhante de forças naturais e primitivas, me faz pensar num edifício corroído cada vez mais de baixo para cima por traças invisíveis. Um dia, o edifício desabará, e todo um pequeno povo agitado, negro, vermelho e amarelo vai se espalhar pela superfície do continente, mascarado e munido de lanças, para a dança da vitória"



"Esta terra era grande demais, o sangue e as estações se confundiam, o tempo se liqüefazia. A vida era rente ao chão e, para integrar-se nela, era preciso deitar-se e dormir, durante anos, no próprio chão lamacento e ressecado.Na Europa, existia a vergonha e a cólera; aqui, o exílio ou a solidão."
Trechos de "Diários de viagem", escrito por Albert Camus em sua passagem pelo Brasil em 1949.

domingo, 13 de abril de 2008

PRA QUE TANTO CÉU, PRA QUE TANTO MAR

Grêmio Recreativo Escola de Samba PORTELA ( fundado
em 11 de abril de 1923)










































sexta-feira, 11 de abril de 2008

VESTÍGIOS DE ESTRANHA CIVILIZAÇÃO

Mais uma excepcional da nossa correspondente Agnes Rissardo; agora, mais "nacional" do que nunca, ela nos presenteia com uma sutil análise por parte do poetinha Vinícius sobre a cidade maior de todos.


"Um carioca é um carioca. Ele não pode ser nem um pernambucano, nem um mineiro, nem um paulista, nem um baiano, nem um amazonense, nem um gaúcho. Enquanto que, inversamente, qualquer uma dessas cidadanias, sem diminuição de capacidade, pode transformar-se também em carioca; pois a verdade é que ser carioca é antes de mais nada um estado de espírito. Eu tenho visto muito homem do Norte, Centro e Sul do país acordar de repente carioca, porque se deixou envolver pelo clima da cidade e quando foi ver... kaput! Aí não há mais nada a fazer.

Quando o sujeito dá por si está torcendo pelo Botafogo, está batendo samba em mesa de bar, está se arriscando no lotação a um deslocamento de retina em cima de Nelson Rodrigues, Antônio Maria, Rubem Braga ou Stanislaw Ponte Preta, está trabalhando em TV, está sintonizando para Elizete.

Pois ser carioca, mais que ter nascido no Rio, é ter aderido à cidade e só se sentir completamente em casa em meio à sua adorável desorganização. Ser carioca é não gostar de levantar cedo, mesmo tendo obrigatoriamente de fazê-lo; é amar a noite acima de todas as coisas, porque a noite induz ao bate-papo ágil e descontínuo; é trabalhar com um ar de ócio, com um olho no ofício e outro no telefone, de onde sempre pode surgir um programa; é ter como único programa o não tê-lo; é estar mais feliz de caixa baixa do que alta; é dar mais importância ao amor que ao dinheiro. Ser carioca é ser Di Cavalcanti.
Que outra criatura no mundo acorda para a labuta diária como um carioca? Até que a mãe, a irmã, a empregada ou o amigo o tirem do seu plúmbeo letargo, três edifícios são erguidos em São Paulo. Depois ele senta-se na cama e coça-se por um quarto de hora, a considerar com o maior nojo a perspectiva de mais um dia de trabalho; feito o quê, escova furiosamente os dentes e toma a sua divina chuveirada."






Por Vinícius de Moraes em "Rio Literário: um guia apaixonado da cidade do Rio de Janeiro."

domingo, 6 de abril de 2008

Perdas




E lá se vão mais atores da velha Hollywood. No último dia 24, o ator Richard Widmark faleceu aos 93 anos. Widmark ganhou notoriedade ao interpretar o psicopata Tommy Udo no filme "O beijo da morte" (Kiss of the death), em 1947. A sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Oscar como melhor ator coadjuvante. Outra performance brilhante do ator pode ser vista no intenso e excelente Julgamento em Nurembergue, de Stanley Kramer.

***


E, no dia de hoje, uma outra lenda da época dourada de Hollywood deixa milhares de fãs: Charlton Heston.


O ator se imortalizou ao interpretar grandes papéis em filmes épicos, como Moisés em "Os Dez Mandamentos" (1956), Judah Ben-Hur em "Beh-Hur" (1959) e El Cid, no filme de mesmo título em 1961. O papel de protagonista em Ben-Hur lhe rendeu o Oscar de melhor ator. Além dos filmes já citados, Heston participou de outras importantes obras, como "O maior espetáculo da Terra" (1952), "A Marca da Maldade" (1958), "Agonia e Êxtase" (1965), "Planeta dos Macacos" (1968) e "Terremoto" (1974).


Nos últimos anos, o ator causou polêmica ao se tornar presidente de honra da Associação Nacional do Rifle dos Estados Unidos. Entretanto, não estamos aqui para julgar suas posições políticas e sim reverenciar este grande astro da história do cinema.