segunda-feira, 21 de abril de 2008

CAMUS NO BRASIL - PARTE II


"No Rio de Janeiro, em meio a esse loucos lânguidos e trepidantes, que dançavam para morrer, o calor, a poeira e a fumaça dos charutos, o cheiro humano tornam o ar irrespirável. Saio, trôpego, e respiro afinal deliciado o ar fresco. Amo a noite e o céu, mais do que os deuses dos homens."







"Gosto de Recife. Florença dos Trópicos, entre as suas florestas de coqueiros, suas montanhas vermelhas, suas praias brancas."

"Iguape, entre a floresta e o rio, comprime-se à volta da grande igreja do Bom Jesus. Algumas centenas de casas, mas de um estilo único, baixas, caiadas, multicoloridas. Ao hospital "Feliz Lembrança", que traz bem o seu nome, com a homenagem calorosa a este Brasil que aboliu a pena de morte e a esta Iguape onde a gente compreende este gesto."





"Sobre esta terra imensa, que tem a tristeza dos grandes espaços, a vida está no nível do chão e seriam necessários muitos anos para a ela integrar-se; aqui [na Bahia] comemos pratos tão apimentados que fariam andar qualquer paralítico. Imensa casbah fervilhante, miserável, suja e bela."




"E no mais alto cume das montanhas, que parecem esmagar a cidade, reluz um imenso e lamentável Cristo luminoso."


Trechos de "Diários de viagem", escrito por Albert Camus em sua passagem pelo Brasil em 1949.

2 comentários:

Valéria Martins disse...

Então, Camus também experimentou o hedonismo carioca... Ficou meio sufocado, devia ter se entregado!

Eu adoro livros de escritores sobre viagens. Esse do Camus, não conhecia. Mas li recentemente "Minha descoberta da América" (Ed. Martins Fontes), de Mayakowsky e adoraria poder investir em "Dias na Birmânia" (Cia das Letras), de George Orwell. Mas custa R$ 50,00! Estou me capitalizando...

Pablo Lima disse...

certo; a amargura camusiana não o deixou ver o Rio de outra forma, mais leve, como o fazem a maioria dos que por aqui passam - ou nascem.
Sou fã integral do indiano Orwell,ficarei de olho em suas dicas!
Capitalize-se, vale o esforço.