domingo, 27 de abril de 2008

ANDORINHA SÓ NÃO RESISTE AO VERÃO




Aos nove anos de idade, o garoto Francisco Alves Mendes Filho deu uma guinada em sua vida ao iniciar-se na atividade de extração de látex das seringueiras na floresta amazônica. Indignado com as condições de vida dos trabalhadores e dos moradores da região amazônica, Chico Mendes tornou-se em pouco tempo líder do movimento de defesa dos trabalhadores rurais de sua região. Defensor dos direitos dos seringalistas, fundou em 1975 o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, no Acre. Participando ativamente de atividades contra o desmatamento, montou o Conselho Nacional de Seringalistas, uma organização não-governamental criada para defender as condições de vida e trabalho das comunidades que dependem da extração e cultivo na floresta.

Chico Mendes também atuou na luta pela posse da terra contra os grandes proprietários, algo impossível de se pensar na região amazônica até os dias de hoje. Dessa forma, entrou em conflito com os donos de madeireiras, de seringais e de fazendas de gado. Participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, em 1977, e no mesmo ano foi eleito vereador para a Câmara Municipal local. Em busca de sustentação política, foi um dos ícones da criação do Partido dos Trabalhadores, tornando-se seu dirigente no Acre. Em 1982, tornou-se presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Xapuri e foi acusado de incitar posseiros à violência, mas foi absolvido por falta de provas.

Mas todas estas datas nada seriam caso não fossem somadas à mais representativa delas: há 20 anos, em 22 de dezembro de 1988, data que marca o ínicio do solstício de verão, Chico Mendes acabou abatido pelo sistema. Com 44 anos recém-completados à época, Chico foi assassinado à porta de casa, deixando um enorme legado de lutas e resistências que, soadas por um canto individual, pouco resistiram e representaram para a maioria do povo brasileiro.

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