domingo, 25 de abril de 2010

de prima pra OGUM





Jorge Da Capadócia
Jorge Ben Jor
Jorge sentou praça na cavalaria eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia eu estou vestido com as roupas e as armas de JorgePara que meus inimigos tenham pés, não me alcancemPara que meus inimigos tenham mãos, não me peguem, não me toquemPara que meus inimigos tenham olhos e não me vejamE nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo, meu corpo não alcançaráFacas, lanças se quebrem, sem o meu corpo tocarCordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrarPois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de Capadócia, viva Jorge!Jorge é de Capadócia, salve Jorge!
Perseverança, ganhou do sórdido fingimentoE disso tudo nasceu o amorPerseverança, ganhou do sórdido fingimentoE disso tudo nasceu o amor
Ogam toca pra OgumOgam toca pra OgumOgam, Ogam toca pra Ogum

sábado, 10 de abril de 2010

sinistras Canhotices




SER CANHOTO É...

...fazer da bola o que se quer, é colocá-la no devido lugar; sacanear o adversário invertendo o mundo ao seu redor. É meter no ângulo, de curva, é deixar o goleiro sonhando com dias melhores; é chutar cruzado na cobrança de pênalti; é mandar o zagueiro fechar as pernas para a redonda não passar;  é tabelar,  orquestrar;  ser diferenciado, diferenciar; é jogar virado, virar o jogo, criar, como num passe de calcanhar; é bater o escanteio fora da cal, ou no caos; é caprichar no chute com o peito de pé,  é mandar de trivela até mesmo na cobrança de falta mais distante.

Ser canhoto é... respirar!  é fazer o destro se adestrar! é ser minoria e ainda assim dominar! é viver na pura fantasia, fantasiar para disfarçar e não sossegar.   É ser líder, causar inveja e não invejar; fazer sorrir a quem derrotar. Ser canhoto é antever tudo: a jogada, o companheiro, a torcida, o sucesso e a glória certamente alcançada. É vestir a dez,  é ter nota máxima, reinar feito um Maradona, um Rivelino, um Gérson canhota de ouro,  é chutar com o lado esquerdo do peito, é ferir usando a perna mais próxima do coração. É ser um saci de nascença, como se vivesse com apenas uma perna e com ela, sendo canhota, nao se importar com mais nada.

Ser canhoto é...viver no auge, no máximo, em volume alto, é viver a vida com V, ou melhor, com C maiúsculo....






sexta-feira, 9 de abril de 2010

4. russos a sua maneira



"As famílias felizes são parecidas entre si. As infelizes são infelizes cada uma a sua maneira"

O que esperar de um romance que começa assim? Muita coisa boa, por sinal.
Vindo da gélida e longínqua Rússia, do ilustríssimo Leon Tolstói, que forma com Tchecov e Dostoiévski a Santíssima Trindade literária russa, "Anna Kariênina" há muito entrou no meu rol de preferidos.

O que dizer quando o foco principal está no adultério, cujo cenário remonta à Rússia dos czares, ambiente onde a mulher é tida como inferior numa sociedade hipócrita, decadente e dominada por grandes senhores de terras? Muito pouco para a maioria, que não avançaria com propriedade em um tema por vezes piegas. Mas como é dos gênios deitar e rolar em coisas simples, tirando pérolas de pedras, sobrou luz a Tolstói quando encheu 900 páginas com crises existenciais, densas reflexões e exasperadas comoções.

05. Solidão em Macondo


"Ao ser destampado pelo gigante, o cofre deixou escapar um hálito glacial. Dentro havia apenas um enorme bloco transparente, com infinitas agulhas internas nas quais se despedaçava em estrelas de cores a claridade do crepúsculo. Desconcertado, sabendo que os meninos esperavam uma explicação imediata, José Arcadio Buendía atreveu-se a murmurar:

- É o maior diamante do mundo.

- Não - corrigiu o cigano. - É gelo.

José Arcadio Buendía, sem entender, estendeu a mão para o bloco, mas o gigante afastou-a. "Para pegar, mais cinco reais", disse. José Arcadio Buendía pagou, e então pôs a mão sobre o gelo, e a manteve posta por vários minutos, enquanto o coração crescia de medo e de júbilo ao contato do mistério. Sem saber o que dizer, pagou outros dez reais para que os seus filhos vivessem a prodigiosa experiência. O pequeno José Arcadio negou-se a tocá-lo.

Aureliano, em compensação, deu um passo para diante, pôs a mão e retirou-a no ato. "Está fervendo", exclamou assustado. Mas o pai não lhe prestou atenção. Embriagado pela evidência do prodígio, naquele momento se esqueceu da frustração das suas empresas delirantes e do corpo de Melquíades abandonado ao apetite das lulas. Pagou outros cinco reais, e com a mão posta no bloco, como que prestando um juramento sobre o texto sagrado, exclamou:

- Este é o grande invento do nosso tempo."



A poucos dias do período momesco, senti-me impelido a voltar a falar de livros, e felizmente começou a brotar a listinha dos meus 5 maiores em todos os tempos.
Serve também para desanuviar os assuntos carnavalescos, e entre um ensaio e uma batucada, releio os classicaços da literatura e viajo em deslumbre com obras inesquecíveis e inigualáveis.

Começo essa com o cidação mais ilustre de Aracataca, ou Macondo, tanto faz, pois não há quem não desconfie que a cidade natal de Gabriel García Márquez não tenha inspirado o encantador povoado de "Cem Anos de Solidão".

Em meio a filhos que nascem em com rabo de porco ou em forma de lagartos, imensas pedras de gelo que queimam ardorosamente, cortejos de bobrboletas amareladas, indivíduos engolidos pro formigas e uma inesgotável incapacidade de amar reina o deslumbramento de Gabo, que passa pelas oito gerações dos Buendía - com destaque para o inesquecível coronel Aureliano - e deixa rastros de fatos históricos entremeados a um farto uso de crendices, lendas, feitiços e paixões.

quinta-feira, 8 de abril de 2010








































Obras de Pablo Ruiz Picasso, pintor espanhol, morto em 8 de abril de 1973, aos 91 anos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

sábado, 3 de abril de 2010

ralos e rios confundidos


"Viajar, para que e para onde, a gente se torna mais infeliz quando retorna? Infeliz e vazio, situações e lugares desaparecidos no ralo, e rios confundidos (...)

Mas ficar, para que e para onde,se não há remédio, xarope ou elixir, o pé não encontra chão onde pousar,


(...)se viajar é a única forma de ser e pleno?"

(Waly Salomão, "Poema jet-lagged", do livro "Algaravias", 1996)

quinta-feira, 1 de abril de 2010





Ah! Quantas lágrimas eu tenho derramado só em saber
Que eu não posso mais reviver o meu passado
Eu vivia cheia de esperança e de alegria, eu cantava, eu sorria
Mas hoje em dia eu não tenho mais a alegria dos tempos atrás

Só melancolia os meus olhos trazem
Ah! Quanta saudade a lembrança faz
Se houvesse retrocesso na idade
eu não teria saudade da minha mocidade...