quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

post 333



Vem aí o novo. Nem devíamos olhar para trás mas é tão essencial a experiência da caminhada. “Quero não o que está feito, mas o que tortuosamente ainda se faz”, como disse Clarice Lispector. Mesmo que relampejem que virão dias piores. Da clausura para o acontecer, da escuridão para o brilho, da ponte para o laço tudo é nova estrada. E no caos há que inventar novas formas de viver, regressar ao equilíbrio mesmo que dolorosamente. Não há receita ou talvez haja dentro de nós. No sopé de uma montanha imensa por escalar de um modo ou de outro toda a gente há-de lá chegar, nem que seja por arrasto. Pode-se entrar ferido mas sai-se abençoado. Para que serviremos amanhã, além de produzir para outros e sobreviver? Urgem humanos renovados. Urgem humanos com letra grande. Com um molho de passas, o champanhe e ao som das doze badaladas brindarei aos amores da vida de um só trago.


3, 2, 1… todos felizes?
(in “Pedaços da M”) http://newcitadel.blogspot.com/

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

FELIZES ANOS VELHOS...


A ofensiva aérea de Israel contra alvos do movimento islâmico Hamas na Faixa de Gaza deixou desde sábado pelo menos 57 civis mortos, entre eles 21 crianças, de um total de ao menos 310 mortos, afirmou nesta segunda-feira (29) a ONU, citando dados obtidos de fontes médicas. "Fizemos um levantamento de vítimas civis com fontes médicas. É de 57 mortos, entre eles 21 crianças, e pelo menos sete mulheres", disse Christopher Gunness, porta-voz da agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos.
Segundo o último balanço fornecido pelo chefe dos serviços de emergência na Faixa de Gaza, Muawiya Hasanein, os ataques aéreos israelenses, iniciados sábado, deixaram ao menos 320 mortos e 1.420 feridos.


















































segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

PIADA DO ANO








"Assinei com o Corinthians porque preciso garantir o pão de cada dia."






Por Ronaldo Fenômeno, ao explicar sua preferência pelo Corinthians em resposta à demora do interesse por parte do Flamengo, clube que pretendia contratá-lo; os ganhos do atleta ultrapassam a casa dos 2 milhões de reais por mês em salários e contratos publicitários, e cujo patrimônio, segundo algumas fontes, beira os 200 milhões de reais.

sábado, 27 de dezembro de 2008

MEMORIAM in MARE & AMORE



























DORIVAL CAYMMI (1914-2008)

"Tempo magnífico. Uma jornalista encantadora e míope. Correspondência. Refeição. Meditações sombrias. Entrevista com professores e alunos. Jantar com o poeta nacional Manuel Bandera", pequeno homem extremamente fino.

Depois do jantar, "Kaïmi", um negro que compõe e escreve todos os sambas que o país canta, vem cantar com o seu violão; são as canções mais tristes e mais comoventes. O mar e o amor, a saudade da Bahia. Pouco a pouco, todos cantam, e vêem-se um negro, um deputado, um professor de faculdade e um tabelião cantarem esses sambas em coro, com uma graça muito natural. Totalmente seduzidos."
Diário de viagem, Albert Camus, 1948.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

68 em 20 imagens (QUE ANO!)

Chicago

Memphis

Rio de Janeiro


Nova York

Memphis

São Paulo


Califórnia
Cidade do México

Broadway

São Paulo

Manchester

Vietnã
Paris
Hollywood

Hockenheim

São Paulo

Praga

Londres

Vietnã

Londres

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

GRINALDAS DE desespero





Crianças clamam por comida em Harare, capital do Zimbabwe; 22 de dezembro de 2008.


"O espírito do Natal tem de fazer parte dessa humanidade que não pode fugir do aconchego da nossa consciência de homens. E de homens solidários. O espírito de Natal tem de ser entendido como algo de autenticamente revolucionário, que nos ensina a resistir à adversidade e nos testa quotidianamente na nossa mais genuína fraternidade. Resistir aos tempos que querem matar o que de humano existe em nós, essa é a matéria dos sonhos que nos devem mover. Resistir às intempéries da venalidade, da boçalidade, da brutalidade, da desumanidade. O espírito de Natal é o que leva os poetas a nunca esquecer o horror, mas a desenhar grinaldas de esperança, lá onde só parece existir o desespero."


Lauro Antonio, poeta português.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

velas e fogueiras



"A ausência diminui as paixões medíocres e aumenta as grandes, como o vento apaga as velas e atiça as fogueiras."

Excerto de "Miss Dollar", por Joaquim Maria MACHADO DE ASSIS.

domingo, 21 de dezembro de 2008

memoriam in DELIRIUS SONORUS






























Frank Vincent Zappa, nascido em Baltimore, EUA, em 21 de dezembro de 1940.

sábado, 20 de dezembro de 2008

prisões PRÉ-FOLIAS


"A cidade de Praga aprisiona. A nós ambos. Essa mãezinha tem garras. É preciso se sujeitar ou - .

Devíamos atear fogo nas duas extremidades, em Visehrad e em Hradschin, assim talvez poderíamos fugir. Quem sabe você reflita a esse respeito até o carnaval."

Por Franz Kafka, em carta a Oskar Pollak, 20 de dezembro de 1902.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

11. taxi driver


Quando lembro de Martin Scorsese, duas obras-primas me vêm à mente: "Touro Indomável" é um épico do mundo das lutas e sempre me comoveram as aventuras de Jack La Motta, tanto dentro como fora dos ringues; Taxi Driver" é a outra obra do diretor novaiorquino que admiro, e as excessivas recorrências às imagens do filme me fazem crer que este é mesmo o melhor dele.
O clima sombrio do filme contrasta com uma possível pacata vida de taxista, vivida por um veterano de guerra,- Robert de Niro - que escolhe tal ofício, o de sair por aí a bordo de um yellow cab para sanar o vazio que a vida lhe ofereceu.
Inserido nesta viagem, o nosso protagonista tem como pano de fundo os becos e ruas mais obscuros de Nova York, local adequado para ele colocar em prática o seu principal plano, o de limpar das ruas toda sorte de desajustados- segundo ele, os negros e os drogados, entre outros.
No melhor estilo "os brutos também amam", o nosso ilustre motorista se apaixona por uma secretária do comitê de campanha de um senador. Com a repulsa dela, ele planeja um atentado ao senador e também retirar das ruas uma jovem prostituta - este o primeiro papel de Jodie Foster nas telonas. Daí em diante, só vendo o filme para entender os desdobramentos de um tipo de vida sem rumos, princípios ou perspectivas. A obra é um tratado sobre a solidão e atua como um exemplo pungente dos excessos criados pela contracultura moderna, como a obsessão e a anti-sociabilidade.
As caracterizações aprtesentadas po um explendoroso Robert De Niro, cujas variações no aspecto físico deixam o espectador com calafrios, é uma das tônicas do filme; a clássica cena em que o ator improvisa uma cena em que repete exaustivamente a frase "Are you talkin' to me ?", é uma das mais veneradas do cinema em todos os tempos - cujo vídeo mostra abaixo.

12. ANNIE HALL

Após a frustrada tentativa de assistir ao último filme do Allen, “Vicky Cristina Barcelona”, antes de escrever esta postagem, venho tratar do mais emblemático trabalho do diretor, no Brasil intitulado “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”. A olhos vistos, falar dos filmes de Allen é entrar no universo que envolve as complicações psicológicas do homem moderno, vide o visceral “Matchpoint” e o dramático “Crimes e pecados”. Mas, em particular, Annie Hall anuncia, conforme já alardeia o criativo título em português, que as neuroses dele são ampliadas e superdimensionadas pela complicada personalidade dela, a bela Diane Keaton, que intitula a obra.

No filme, Allen encarna Alvy, um comediante mergulhado em seus mais complicados sentimentos, como a solidão e a infelicidade. Ao relacionar-se com Annie, o que poderia tornar-se alegria no relacionamento traduz-se em crise, pois a insegurança e as manias de ambos impedem um possível caminho feliz. Como disse certa vez um competente crítico de cinema, “Alvy precisa de uma segurança que a falta de sentido da afetividade não lhe dá”. Tudo dentro do mais perverso universo “alenniano”, onde analisar as crises, em todos os aspectos e níveis, se faz prazeroso e ao mesmo tempo inconveniente.



13. O DESPREZO


Le Mépris, Jean-Luc Godard, 1963.

Abrindo a pretensiosa lista está "O Desprezo". Como pano de fundo, a "Odisséia" de Homero é rodada não em Ítaca, mas na paradisíaca ilha de Capri, e sob a direcção de Fritz Lang, o próprio diretor de "Metrópolis" em carne e osso e interpretando a si mesmo. Como figura, vemos a luta do indivíduo contra as circunstâncias da vida; se nos bastasse recordar que os velhos gregos vivem a dizer que o homem criou os seus deuses e, portanto, suas angústias, como vislumbrar isto a partir dos olhos de ninguém menos que Jean -Luc Godard ?



Podemos começar a análise com a seguintes propostas: o que significa fazer um filme ? a realização de uma obra cinematográfica seria uma representação da própria vida? ou seria a representação de algo já representado pela própria ficção? No meio deste turbilhão estão os deslumbrantes Brigitte Bardot e Jack Palance, que protagonizam os melhores momentos da trama.



Para quem já experimentou Godard, as suas três principais características afloram neste filme: 1) a metalinguagem; 2) os densos e complexos diálogos; 3) as superexposições de imagem.
Os múltiplos detalhes que encerram as diversas situações existentes no filme nos obrigam a deixar de lado os dilemas existenciais levantados pelo casal principal para relembrar de Godard em sua essência. As metáforas e analogias se fazem excessivamente presentes, sejam no discurso bilíngue - uma tradutora traduz as falas em francês para o inglês ao seu modo, o que serve de mote para outras subjetividades - ou nas questões levantadas acerca da obra de Homero, com as características do herói moderno recebendo o juízo dos gregos antigos.
A reescritura de "Odisséia" é clara e adaptada aos tempos de hoje, ou melhor, adaptada ao humano de qualquer época, pois os dilemas de outrora são os mesmos na atualidade. A relação entre Penelope e Ulysses é questionada no roteiro. Como sabemos, Ulysses também fora desprezado pela amante; mas desta vez quem vai embora é ela, Bardot, e na cia.do produtor, Palance.
O foco também está no cenário, com as cores branca, amarela e vermelha adquirindo signficados diversos importantes. A construção da dramaticidade é enriquecida através do cenário; como exemplo, a negra peruca usada pela personagem de Bardot encarna uma outra identidade. As imagens se multiplicam em intrincadas situações, com uso excessivo das possibilidades que o uso da câmera traria para a época.

E homenagear Godard é apenas um motivo a mais para falarmos de todos os grandes diretores da Nouvelle Vague, em especial Truffaut e Resnais, cujos delírios sempre nos deliciaram com imagens e planos num discurso em favor do prazer estético e do ensinamento moral. E tudo isto servindo como um libelo contra a fragilidade do homem em suas odisséias pela vida, pela filosofia e pelo existencialismo.