sábado, 30 de agosto de 2008

faces do espelho


quem me dera ao menos uma vez,


que o mais simples fosse visto como o mais importante;


mas nos deram espelhos, e vimos um mundo doente.

Vida e obra de um mulato


Há tempos a nossa ilustre correspondente internacional e ultramarina Agnes Rissardo não oferecia o ar de sua graciosidade a nós, reles mortais do "uma capital"; mas ela reapareceu na medida certa para anunciar um ciclo de palestras (seria isso mesmo, cara Hepburn?) sobre Joaquim Maria Machado de Assis, cujo centenário de morte comemorar-se-á na próxima segunda-feira.
Sobre o lançamento do livro de Dau Bastos, optei por não citá-lo por um simples e duvidoso motivo: Capitu traiu Bentinho? Machado era negro?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

claridade na sombra


Se cada dia cai, dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira do poço, da sombra,e pescar luz caída com paciência.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

17. CAYMMI E SILAS em boa cia.

Ainda perplexo pela perda do Caymmi, relembro de Aldir Blanc em uma de suas mais efusivas letras, "Nação", onde ele cita Dorival e Silas de Oliveira, outro monumental compositor de obras raríssimas do samba brasileiro.
E falar de tanta gente ilustre da música merece um vídeo-áudio dos maiores; ou melhor, dois:
João Bosco e o seu inimitável violão trazem "Nação" com uma força insuperável. E Clara Nunes recorda a canção com uma tradicional aparição.

Ah, a letra, como quase tudo em Aldir, é de uma complexidade incrível e remete à religiosidade africana e traça paralelos neste espaço entre o Rio e a Bahia, cidade natais de Silas e Caymmi.



Dorival Caymmi falou prá Oxum
Com Silas tô em boa companhia
O céu abraça a terra, deságua o rio na Bahia

Jeje minha sede é dos rios
A minha cor é o arco-íris, minha fome é tanta
Planta flor irmã da bandeira
A minha sina é verde-amarela feito a bananeira
Ouro cobre o espelho esmeralda
No berço esplêndido
A floresta em calda manjedoura d'alma
Labarágua, Sete Queda em chama
Cobra de ferro, Oxum-maré, homem e mulher na cama
Jeje tuas asas de pomba
Presas nas costas com mel e dendê agüentam por um fio
Sofrem o bafio da terra
O bombardeio de Caramuru, a sanha de Anhanguera
Jeje tua boca do lixo, escarra o sangue
De outra hemoptise no canal do mangue
O Uirapuru das cinzas chama
Rebenta a louça Oxum-maré
Dança em teu mar de lama.


terça-feira, 26 de agosto de 2008

ACADEMIA BRASILEIRA DE SAMBA


Mocidade Independente 2009
Enredo: "Mocidade apresenta: Clube Literário - Machado de Assis e Guimarães Rosa... Estrela em poesia!"
A Academia Brasileira de Letras é, antes de tudo, a casa da memória. Apesar do prestígio que alcançou - fato único para uma instituição cultural - na sociedade brasileira, apesar da maciça programação de conferências, cursos, publicações, concertos, artes cênicas, que oferece ao público em todas as áreas do conhecimento e da sensibilidade, a sua maior missão e característica é a preservação da memória intelectual brasileira, sem a qual ela não seria a dispensadora daquela "glória que fica, eleva, honra e consola" de que falava Machado de Assis, em texto célebre. O presente ano, tão rico em efemérides, tem para esta casa a importância única de ser o do centenário da morte do seu patrono e um de seus fundadores, Joaquim Maria Machado de Assis.
A Academia Brasileira de Letras é a Casa Richelieu e, sob este aspecto, ela nasceu sob um signo mais exclusivamente literário do que aquela na qual se espelhou. Em pouco mais de um ano, de junho de 1908 a agosto de 1909, ocorreram três datas máximas na história da prosa no Brasil, um de júbilo e as outras lutuosoas, que são respectivamente o nascimento de João Guimarães Rosa, o falecimento de Machado de Assis e a morte trágica e precoce de Euclides da Cunha. Entre as duas outras se situa a despedida do grande mestre do Cosme Velho, deixando-nos uma obra vasta e magistral, marca de uma existência plenamente cumprida, para além de todas as dificuldades, uma existência que significa a vitória do gênio e do esforço humanos, grande exemplo moral que nos legou, juntamente com a obra, o maior escritor brasileiro de seu século.

ÁRVORES PELO CAMINHO

tempo rei

OSSOS DO OFÍCIO




velhas certezas científicas


Joseph Conrad costumava acompanhar as informações sobre o tráfego marítimo nos jornais. Procurava notícias de barcos que conhecia ou em que tivesse trabalhado nos seus tempos de marinheiro. Encontrar o nome de um barco que tripulara na mocidade devia ser como descobrir o nome de uma antiga namorada numa crônica social, casada com outro.
Hoje os perigos do mar continuam os mesmos, mas qualquer caíque sabe sempre exatamente onde está e pode transmitir sua localização e sua condição em segundos. E mesmo quem não enfrenta os mares misteriosos pode dizer o espaço que ocupa na paisagem com precisão. Ao contrário dos nossos barcos, continuamos sendo matéria de especulação literária. Em nós, quase sempre há uma crise não só de velhas certezas ideológicas e morais, mas de velhas certezas científicas também, e não passa dia em que não se descubra que o Universo não é nada do que se pensava, ontem.
Não admira que as pessoas cada vez mais renunciem ao racional – que, afinal, nos deu o satélite rastreador, mas nos deixou mais desorientados do que antes – e busquem o místico, o tribal e o maluco. Na falta de instrumentos precisos para mapear a angústia apela-se de novo para entranhas de pássaros, deuses selvagens e a anulação dos sentidos. E mesmo longe de qualquer porto ou socorro, ou de qualquer redenção para a sua culpa, nenhum herói embarcado de Conrad tinha razão para duvidar das estrelas sobre a sua cabeça ou da bússola à sua frente, ou dificuldade em identificar seu lugar no mundo.

domingo, 24 de agosto de 2008

O VELHO MARX AVISOU...


(...) todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes: a história só se repete como tragédia ou como farsa.
"O 18 Brumário de Luís Bonaparte", Karl Marx.


sábado, 23 de agosto de 2008

equilíbrio distante



Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.
Soren Kierkegaard.

(…) e nos teus olhos eu vejo o susto e o grão de uma lágrima sobre a qual me concentro, torcendo para que ela se faça gorda e de difícil equilíbrio sobre o bordo inferior da tua pálpebra, para que ela fique estupefada e brilhosa e a ponto de piscar (…)
Amilcar Bettega Barbosa, Os Lados do Círculo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

LABIRINTOS ESQUECIDOS


Tenho grandes estagnações. Há mais subtileza na minha desinteligência comigo. Estagno na mesma alma. Ocorre-me que pensar, sentir, querer também podem ser estagnações, perante um mais íntimo pensar, um sentir mais meu, uma vontade perdida algures no labirinto do que realmente sou. Seja como for deixo que seja. E ao deus, ou aos deuses, que haja, largo da mão o que sou, conforme a sorte manda e o acaso faz, fiel a um compromisso esquecido.

Trecho 126, O Livro do Desassossego, Bernardo Soares.

o sol do capitalismo






















Fernando León de Aranoa, Espanha, 2002.

Competente por excelência, o cinema espanhol mais uma vez fez das suas e explorou com maestria todas as vertentes emocionais que envolvem um tema mais do que presente nos dias atuais: o desemprego; este causado pelo fechamento dos estaleiros de uma cidade do norte da Espanha. A sensibilidade de Aranoa se apresenta aos extremos e vai do total desespero por parte de alguns com a falta de perspectivas à auto-suficiência de outros, que se recusam a admitir o fracasso. "SEGUNDA-FEIRA AO SOL" é um filme sobre amizade, desilusões, esperança, que tem Javier Bardem, o maior ator da atualidade, em sua atuação mais relevante- ainda melhor que o tetraplégico em "Mar Adentro". A cena em que sofre pela perda de um grande amigo e a que "resolve" os problemas financeiros acarretados pelo enterro com uma grande e hilária tirada são de uma sensibilidade extrema, e a obra merecia pelo menos o prêmio de ser exibida por mais tempo no Brasil. Mas aí já são coisas de Hollywood e dos magnatas do circuito exibidor brasileiro, no qual o tema desemprego passa longe, tanto na arte quanto na vida.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

piada da semana...

...já que eu sou do tempo em que os que fracassavam não costumavam ser novamente convocados para o selecionado e muito menos ousavam se "auto-escalar" - entendam o auto -escalar como forçar a barra - mesmo sem ter condições de vestir a amarelinha!!



"Tenho 28 anos e ainda me imagino por muito tempo na seleção"

terça-feira, 19 de agosto de 2008

GUERRA À VISTA

"Não, a pintura não é feita para decorar apartamentos. É um instrumento de guerra ofensivo e defensivo contra o inimigo.''
Pablo Picasso

DULCE FORTUNA


PERIGO REAL E IMEDIATO



"As pessoas feridas são perigosas. Sabem que podem sobreviver."


Julliete Binoche para Jeremy Irons no filme "Perdas e Danos",

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

ineficiências de um gigolô


Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda.

domingo, 17 de agosto de 2008

16. À SOMBRA DAS NOTAS EM FLOR

Um deleite para os ouvidos e almas dos amantes da música all around the world! Os dois maiores nomes do sax tenor do jazz, Charlie Parker e Coleman Hawkins (desculpas ao Coltrane por tê-lo colocado em terceiro lugar) fazem um número excepcional, como bem registra a característica da personalidade de cada um deles: um introvertido Hawkins somado a um sempre descontraído Parker- reparem no cigarro à mão esquerda e os risos no canto da boca, característico do mestre maior do instrumento.




Atentar para a diferença de estilos apresentada no vídeo é um grande trunfo: Ícone fundador do bebop, PARKER apronta com as mais prolixas notas em constante ebulição, enquanto que HAWKINS passeia pelo dixieland, pausado e ao mesmo tempo encorpado como de praxe.

VELOZES E NADA FURIOSOS















É prática de muitos confundir a definição de termos quando estes supõem alguma subjetividade: um exemplo do qual gosto de lançar mão acontece quando confundimos a definição entre os termos humildade e autoconfiança; ser autocofiante bate de frente com o conceito de humildade?
Apegados ao aspecto mais ilustre do que podemos chamar de "auto-estima positiva", Usain Bolt, o vencedor dos 100m rasos e atual mais rápido das pistas, chegou com ar de extrovertido, falante, confiante e se dizendo insuperável. E o é (ou o foi!!).
Já o mais rápido dentro d'água, César Cielo apareceu em Pequim com um único discurso: "sou o mais rápido do mundo e vou ganhar os 50m!" Seria soberba ou autoconfiança? Um ou outro, o discurso deu certo, e ambos deram uma aula de como utilizar tal falatório em benefício prório.
Algum visitante deste espaço poderia falar mais a fundo sobre tal celeuma? Vale a pena contar vantagem antes da hora e trazer os holofotes pra si mesmo? Isto aumenta a responsabilidade ou a auto-estima? Para os que acham arriscado apostar no favoritismo, como apontar defeitos nos dois exemplos citados?

sábado, 16 de agosto de 2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Beijing, Beijing, TCHAU, TCHAU...


Oito a zero em confrontos, 21 sets contra 1, o número 1 do mundo contra o número 5, Roger Federer de uma lado, e James Blake de outro. O retrospecto positivo nada disse na hora de trocar bolas nas quadras em Pequim. Acabou que diante da derrota, ficou mais fácil lembrar do retrospecto negativo (?!?) por parte de Federer, que nunca abocanhou uma medalha olímpica e em 2008 não venceu um torneio de grande porte - contra isto há os outros anos, onde Roger acumula nada menos que quatorze grand slams e outras dezenas(quiça centenas) de troféus.
Acabou que RF já se despediu e nem na semi chegou, e o seu algoz, Blake, tmb nao foi longe. Será uma fase ruim, pela qual todos nós passamos, ou a raquetes fabricadas na China pesam muito quando o assunto remete à leveza e elegância suíça??

artifícios teóricos


Estou há dias tentando escrever sobre isto, mas por dois motivos não consegui: 1) por falta de tempo; 2) o Veríssimo, sempre ele, interrompeu a minha necessidade de escrever discorrendo sobre o tema com muito mais qualidade do que eu poderia tê-lo feito.






Mostruários - L. F. Veríssimo

Enquanto o mundo se maravilhava com a festa de abertura das Olimpíadas de Pequim, a Rússia invadia a Geórgia. Fogos de artifício de um lado, fogo de verdade do outro, e no mesmo dia. Há uma metáfora nessa coincidência, em algum lugar.
Durante muitos anos China e Rússia, ou União Soviética e seus satélites, foram o oposto em tudo ao mundo capitalista - ou, na linguagem da Guerra Fria, ao Mundo Livre. Eram, cada uma a seu modo, mostruários do comunismo no poder como alternativas para o capitalismo. O comunismo acabou na União Soviética junto com a União Soviética e continuou no poder na China em tudo menos na direção da economia, desmentindo algumas pilhas de tomos teóricos. As alternativas perderam.
Nem União Soviética nem China souberam ser bons mostruários quando eram ortodoxamente comunistas. A Alemanha foi um exemplo de fracasso na guerra da propaganda entre comunismo e capitalismo. Por mais que se exaltasse a superioridade do lado comunista em matéria de educação universal e saúde comunitária, bastava uma visita a Berlim Oriental para você se convencer que aquela tristeza - ainda mais em contraste com a exuberância luminosa de Berlim Ocidental - não tinha futuro. Os feitos da revolução maoísta, arrancando a sociedade chinesa do seu passado feudal numa geração, não escondiam o custo disso em sangue, e a impressão que se tinha da China antes da abertura para o consumismo era a de caos permanente. Nada muito atraente.
Pode-se discutir o que o fantástico espetáculo da abertura das Olimpíadas representava: uma sociedade que finalmente redimia, na capacidade de nos deslumbrar com a sua técnica e inventividade, o sacrifício dos anos terríveis, ou uma sociedade festejando sua nova competência no mundo do marquetchim e do espetáculo, muito melhor do que qualquer ocidental? Uma apoteose do maoísmo, já que só com anos de arregimentação e autoritarismo se consegue uma organização coletiva assim, ou uma apoteose da abertura? Nunca se viu um mostruário igual. Só resta saber do que.
Enquanto isto, a Rússia só mostrava uma truculência datada e, independentemente de ter ou não ter razão, recorria à nostalgia armada contra a Geórgia.



quinta-feira, 7 de agosto de 2008

MURALHAS DE PEDRA


"Quando é mais penoso compreender tudo, tomar consciência de todas as impossibilidades, de todos os muros de pedra; porém não se humilhar diante de nenhuma dessas impossibilidades, diante de nenhuma dessas muralhas se isso te repugna, chegar, seguindo as deduções lógicas mais inelutáveis, às conclusões mais desesperadoras, no tocante a esse tema eterno de tua parte de responsabilidade nessa muralha de pedra, se bem que esteja claro até a evidência que tu não estás aqui para nada, e em conseqüência mergulhares silenciosamente, mas rangendo deliciosamente os dentes, na tua inércia, pensando que não podes mesmo te revoltar contra seja o que for, porque não há ninguém em suma, porque isto não é senão uma farsa, senão uma falcatrua, porque é uma trapalhada, não se sabe o quê nem se sabe quem, porém que, malgrado todas essas velhacadas, malgrado essa ignorância, tu sofres, e tanto mais quanto menos compreendes."


Fiodor Dostoievski

estratagemas e significados



"O artista não precisa sofrer para mostrar sentimento. O artista faminto e sofrido é uma idéia romântica criada para conseguir garotas"


David Lynch, em entrevista à imprensa no dia 5 de agosto.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

NAVEGAR IMPRECISO


"Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes/E logo de cada fronteira distante/subiu um cheiro de pólvora/perseguindo-me até em casa/Nestes últimos vinte anos nada de novo há no rugir das tempestades/Não estamos alegres, é certo/mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?/O mar da história é agitado/As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las/ rompê-las ao meio/cortando-as como uma quilha corta as ondas."

Vladimir Maiakóvski (1893-1930)

domingo, 3 de agosto de 2008

VIVA O POVO BRASILEIRO !


Enredo: "A Mangueira traz os brasis do Brasil, mostrando a formação do povo brasileiro"

A Estação Primeira de Mangueira, no Carnaval 2009, pretende resgatar através da visão de Darcy Ribeiro, a formação do povo brasileiro comparando-o com Roma, por sua presença latina no nosso país continente.
Esta Nova Roma justifica-se porque é mestiça sem perder a sua latinidade, mas recebendo influência indígena e negra, formam uma sólida e mutante identidade étnica. É um Brasil cujo povo é alegre e orgulhoso de sua mestiçagem e, veremos através de nosso enredo como isto se deu neste ambiente tropical onde, o clima e o verde abraçam a todos.
Começamos pelos índios, que ao longo de 10 mil anos aprenderam a lidar com o ambiente das florestas e consegue tirar o melhor dela para a sua sobrevivência. Seus núcleos sociais obedecem a uma hierarquia própria e direcionada para o bem comum.
Com a chegada dos europeus, os opostos se confrontam; selvageria e civilização em um primeiro momento não irão se misturar. Entretanto com os interesses de ambos os lados, os índios cobiçando ferramentas e europeus com olho no pau-brasil, a aproximação torna-se inevitável. O indígena não se deixa escravizar facilmente, não subserviente, é contra o seu espírito livre, daí, surgindo grandes dificuldades no processo extrator da nobre madeira.
As circunstâncias sinalizam caminhos outrora pouco ortodoxos para a solução do problema.
Das milhares de aldeias por toda a costa se torna comum o "casamento" de índias com europeus. Agora parentes, surge a tal mão-de-obra para derrubar o pau-brasil; é o "Cunhadismo". O início da mestiçagem também é o início da formação do povo brasileiro.
O denominado mameluco aprende sobre a milenar cultura indígena que se soma aos conhecimentos europeus. Quem são eles? Nem um, nem outro, são a base transformadora de uma nova etnia nacional.
O contato com o europeu também foi danoso para o índio. Moléstias vindas do outro lado do mar dizimam os que aqui habitavam aos milhares, entretanto, a junção de conhecimentos foi primordial para a subsistência de todos nestas terras.
Gado, cana, ouro e plantios em geral necessitam de mão de obra, a demanda era muito maior que as "gentes" para a labuta.
Agora o interior também se desenvolvia no processo extrativista e de assentamento. O negro trazido da África como escravo, se junta com o mestiço local, daí surgindo multidões de crioulos e mestiços de toda a ordem por aqui.
Não podemos esquecer que, no período destes primeiros três séculos a fé movimentou de forma consistente a vida dos habitantes locais. O catolicismo jesuíta se junta com sincretismos de toda ordem e transformam a fé em uma manifestação santeira e festeira, muito importante para o desenvolvimento folclórico nacional.
O negro também contribuiu de forma definitiva para a disseminação da língua portuguesa, pois os índios e jesuítas criaram uma linguagem própria e as etnias negras tinham seus dialetos, portanto, para haver comunicação deveriam aprender a linguagem do capataz.
Com a miscigenação "este" não era índio, nem branco, nem negro, então o que ele era? Seria identificado quando se definisse o que era um brasileiro.
Não demorou que neste território gigante a política libertária, não somente do povo como também da coroa portuguesa se manifestasse. Os inconfidentes, o Brasil agora imperial, a libertação dos escravos em um país miscigenado recebe levas de mão-de-obra européia e oriental, em São Paulo e Sul, formam-se novas ordens de desenvolvimento, incluindo industrial.
Mesmo com as adversidades provocadas por séculos de história, o povo brasileiro se sente como um povo só. O regionalismo apresenta diferenças neste país continente, entretanto a urbanização contribui para uniformizar os brasileiros, porém, mantendo as suas diferenças.
Nossas regiões têm em si identidades próprias, mas o mais importantes é que mostrarmos tudo isso com os "olhos" de Darcy Ribeiro e como ele mesmo diz: "que bela história tem este povo brasileiro".

o cara de pau, ou melhor, de pedra da semana

"Todas as acusações que pesam contra mim são falsas"

Depoimento dado no dia 1 de agosto por Paulo Salim Maluf, candidato a prefeito de São Paulo, que possui em seu nome quatro ações penais que correm no Supremo, por crimes de responsabilidade e contra o sistema financeiro nacional, e três por improbidade administrativa na Fazenda Pública paulista.