quarta-feira, 27 de agosto de 2008

17. CAYMMI E SILAS em boa cia.

Ainda perplexo pela perda do Caymmi, relembro de Aldir Blanc em uma de suas mais efusivas letras, "Nação", onde ele cita Dorival e Silas de Oliveira, outro monumental compositor de obras raríssimas do samba brasileiro.
E falar de tanta gente ilustre da música merece um vídeo-áudio dos maiores; ou melhor, dois:
João Bosco e o seu inimitável violão trazem "Nação" com uma força insuperável. E Clara Nunes recorda a canção com uma tradicional aparição.

Ah, a letra, como quase tudo em Aldir, é de uma complexidade incrível e remete à religiosidade africana e traça paralelos neste espaço entre o Rio e a Bahia, cidade natais de Silas e Caymmi.



Dorival Caymmi falou prá Oxum
Com Silas tô em boa companhia
O céu abraça a terra, deságua o rio na Bahia

Jeje minha sede é dos rios
A minha cor é o arco-íris, minha fome é tanta
Planta flor irmã da bandeira
A minha sina é verde-amarela feito a bananeira
Ouro cobre o espelho esmeralda
No berço esplêndido
A floresta em calda manjedoura d'alma
Labarágua, Sete Queda em chama
Cobra de ferro, Oxum-maré, homem e mulher na cama
Jeje tuas asas de pomba
Presas nas costas com mel e dendê agüentam por um fio
Sofrem o bafio da terra
O bombardeio de Caramuru, a sanha de Anhanguera
Jeje tua boca do lixo, escarra o sangue
De outra hemoptise no canal do mangue
O Uirapuru das cinzas chama
Rebenta a louça Oxum-maré
Dança em teu mar de lama.


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