sábado, 26 de abril de 2008

2. FALE COM ELA


Pedro Almodóvar, Espanha, 2002


A apresentação de uma tourada sempre me aflorou os mais paradoxais sentimentos: fúria, encantamento, dó, arrebatamento. E dessa vez, emoldurado pela sétima arte, aponto como um dos mais belos momentos do cinema o embate entre Lydia e um desconhecido bovino, isto engrandecido por uma Elis Regina inspiradíssima ao entoar Jobim como fundo musical.Um perfeito cenário para focalizarmos a força, a brutalidade do animal a ser aniquilado, mas como tudo em Almodóvar é um poço de situações subjetivas, é o corpo humano que se torna um espaço visual de celebração!

De maneira exata, visceral, Almodóvar se apresenta em Fale com Ela redimido pelos excessos, atos gratuitos e delírios anteriores ao se dedicar à leitura da mente humana de maneira perfeita, tendo como centro da trama duas mulheres em coma: a já citada Lydia e Alicia, uma bailarina. A cuidar da última está um zeloso e obssessivo Benigno, que transforma o seu amor em horror. Já Lydia está sob atenção de Marco, que nos dá lições de lealdade e empatia poucas vezes vista no cinema.

Volta e meia me pergunto o porquê de Almodóvar ter deixado para nos deliciar com sua obra-prima apenas agora. Talvez ele não tenha presenciado tantas touradas antes a ponto de criar personagens cada vez mais selvagens e estranhos.







2 comentários:

Anônimo disse...

Boa lista Pablo,embora não tenha visto todos. "Abril despedaçado" e Almodovar são boas lembranças. Qual o primeiro lugar?

Pablo Lima disse...

"se quiser fazer Deus rir, conte-Lhe seus planos"