sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um passeio pelo reino de HADES











OS FRANCESES NÃO são conhecidos pela simpatia nem pelo bom humor, mas tampouco podem ser considerados o povo mais sorumbático do planeta. Por isso, não deixa de ser surpreendente o inegável fascínio dessa gente pelo mundo subterrâneo. A começar pelo metrô de Paris, uma marca registrada da cidade, que conta com 16 linhas por onde circulam cerca de 5 milhões de pessoas diariamente.

Nada de assustador, se parasse por aí. Acontece que as opções de turismo da cidade não passam apenas pelos manjados Arco do Triunfo, Torre Eiffel e Museu do Louvre. Na verdade, estou chegando à conclusão que os franceses são capazes de transformar tudo em atração turística. Em 1995, quando estive em Paris pela primeira vez, achei curioso o fato de um cemitério – o Père-Lachaise – ser muito visitado por causa de seus “cadáveres ilustres”, mas agora o ponto de exclamação foi maior: pode-se fazer turismo pelas catacumbas da cidade, que ostentam ossos e caveiras dos mortos pelas antigas epidemias que assolaram o lugar até 1785, ano de construção da rede.

Como se não bastasse, ainda podemos fazer um passeio pelos esgotos de Paris. Isso mesmo: os parisienses sentem um orgulho imenso do sistema de tratamento de água da cidade. E lá nos esgotos encontramos um museu com mostra permanente sobre o processo de saneamento, a história do abastecimento desde os tempos mais remotos e a garantia, no final, de que a água das torneiras, vinda do Rio Sena, é totalmente livre de impurezas e pode ser bebida sem medo.

O museu ainda destaca a célebre obra de Victor Hugo, Os miseráveis (1862), e reproduz parte do romance em que o protagonista Jean Valjean atravessa os esgotos de Paris numa fuga, carregando o personagem Marius nas costas. Descobrimos ali que Hugo era amigo de um inspetor de saneamento e pôde visitar as galerias para melhor descrevê-las em seu romance.

Apesar do mau cheiro constante, a visita vale pelo inusitado. E até mesmo a lojinha de souvenirs do museu é capaz de surpreender. As lembrancinhas mais procuradas são os ratos de pelúcia, de todos os tamanhos e diferentes cores. Não resisti e comprei um que treme.

6 comentários:

Paloma Flores disse...

Tudo bem, ratos de pelúcia foi o auge do texto!
Não fazia a menor ideia de que existe um museu no esgoto de Paris. Isso foi surprendente, adorei saber!
Existe muito mais nesse mundo do que a gente imagina, não é?
Bom fim de semana!

Agnes R. disse...

Não é? Muita criatividade mesmo, hehe!
Bom fim-de-semana pra ti também!

Carolina disse...

Sorumbático? òtimo.
Agora ratos de pelúcia, mesmo francês, dispenso, viu? hehehe

bjos meus

Alessandro disse...

Gostei disso.
Pode colocar naquele roteirozinho que vc está fazendo pra mim...
Bjs/

Pablo Lima disse...

viva aos ratos da revolução!

Valéria Martins disse...

O Victor Hugo dedicava boa parte de seus romances a Paris. "O corcunda de Notre Dame" tem páginas e mais páginas sobre a arquitetura de Paris. Confesso que pulei essa parte, pois era uma tese de mestrado ou doutorado no meio do romance!

Mas é uma cidade magnífica, que se mantem através dos tempos bem próxima de seu original. Beijos, querido Pablo