sexta-feira, 22 de maio de 2009

memoriam IN IMAGINARE




ZÉ RODRIX (25 DE NOVEMBRO DE 1947 - 21 DE MAIO DE 2009).

quinta-feira, 21 de maio de 2009

aforismos SERTÃO ADENTRO...

Sansão e Dalila, Peter Paul Rubens, 1609.


01. "Eu sei: quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade...


02. Êpa! Nomopadrofilhospiritossantoamêin! Avança cambada de filhos-da puta, que chegou a minha vez!...E a casa matraqueou que nem panela de assar pipocas...


03. O mundo se repete mal por que há um imperceptível avanço.


04. Daí, vigiei.O homem morre mais que vive, sem susto de estantaniamente, e ainda esta com ramela nos olhos, ranho no nariz, cuspes na boca, e obra e urina e restos de comer nas barrigas...


05. TODA SAUDADE TEM UM POUCO DE VELHICE.


06. "Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago..."


7. "...a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que hão de haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total."


08. "Eu sou é eu mesmo, divêrjo de todo mundo. Eu quase que não sei de nada, mas desconfio de muita coisa."


09.O sertão é do mais astuto... Deus, quando voltar, que venha armado".


10. O Sertão é confusão em grande demasiado sossego."

11."O que o medo é: um produzido dentro da gente, um depositado; e que às horas se mexe, sacoleja, a gente pensa que é por causas: por isto ou por aquilo, coisas que só estão é fornecendo espelho. A vida é para esse sarro de medo se destruir;..."


12. o medo é a extrema ingnorância em momento muito agudo"


13; "Dói sempre na gente, alguma vez, todo amor achável, que algum dia se desprezou..."


14. "O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior."


15. Mar era longe, muito longe dali, espécie duma lagoa enorme, um mundo d´água sem fim, Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava. "Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?"


16. "Amar é reconhecer-se incompleto."


17. Todo caminho da gente é resvaloso. Mas, também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta"


18. "O trágico não vem a conta-gotas".





Excertos de "A Terceira Margem do RIO", "Grande Sertão: VEREDAS" e "A Terceira Margem do Rio", OBRAS de João Guimarães Rosa (foto).

quarta-feira, 20 de maio de 2009

MEMORIAM IN GIOURNALE



Tarso de Castro (11 de setembro de 1941-20 de maio de 1991), jornalista brasileiro nas décadas de 60 e 70 e fundador do jornal "O Pasquim".

segunda-feira, 18 de maio de 2009

H.T. em 6 AFORISMOS (ONE of them IN RIO!)

"A Morte de Marat", Jean-Louis David, 1793.




Os anos sessenta foram uma era extremamente real. Hoje sinto falta do gás lacrimogêneo e do medo de apanhar.



sem cocaína e COMPRIMIDOS, EU TERIA O CÉREBRO DE um contador de SEGUNDA.

Pesando tudo, o Rio de Janeiro chegava muito perto de ser o melhor lugar do mundo para ficar perdido e abandonado para sempre quando o Mundo finalmente encerrasse suas atividades.



VOCÊ É UMA PESSOA DIFERENTE QUANDO ESTÁ ASSUSTADO.

QUANDO O TELEFONE tocar às 4 da manhã, sempre serão nada mais que MÁS NOTÍCIAS.



não mais jogos. NÃO MAIS BOMBAS. não mais caminhar. NÃO MAIS diversão. 67. o que SIGNIFICA 17 anos DEPOIS dos 50. DEZESSEIS MAIS QUE OS QUE NECESSITAVA.


Hunter THOMPSON (fotos abaixo)- (1937-2005), escritor e jornalista norte-americano, criador do Jornalismo GONZO!











sexta-feira, 15 de maio de 2009

KAFKA - aforisms

A Pair of Shoes, VINCENT VAN GOGH




12.A desproporção do mundo parece ser, de maneira consoladora, apenas NUMÉRICA.



34.TODOS os erros humanos são impaciência, uma ruptura precoce do que é metódico, uma aparente implantação daquilo que é aparente.



91. PARA evitar um equívoco verbal:o que deve ser ativamente destruído precisa antes ter sido sustentado com firmeza total: o que DESMORONA, DESMORONA, mas não pode ser DESTRUÍDO.



44. É RIDÍCULO como você coloca arreios em si mesmo para este MUNDO.



55. TUDO É FRAUDE: buscar o mínimo de ilusão, permancer no nível usual. buscar o MÁXIMO.





17. NÃO DEIXE que o mal o faça acreditar que você poderia guardar segredos diante dele.





26. EXISTE UM OBJETIVO, MAS NENHUM CAMINHO; o que chamamos de caminho chama-se HESITAÇÃO.



70. NA LUTA ENTRE VOCÊ E O MUNDO, apóie o mundo.



56. Há questões que não poderíamos superar se não estivéssemos livres delas POR NOSSA PRÓPRIA NATUREZA.



58. mente-se O MENOS POSSÍVEL só quando se mente o menos possível e não quando se tem a menor OPORTUNIDADE POSSÍVEL PARA MENTIR.



76. teste a si mesmo PELA HUMANIDADE; ela faz quem duvida, duvidar, quem acredita, ACREDITAR.



83. UMA REVIRAVOLTA: À ESPREITA, com medo, esperançosa, a resposta cerca a pergunta, examina DESESPERADAMENTE seu SEMBLANTE INACESSÍVEL, segue-a pelos caminhos mais sem sentido, ou seja: OS QUE SE EMPENHAM EM chegar ao lugar o mais distante da resposta.





quarta-feira, 13 de maio de 2009

14 best aforismos do MILLÔR

Paul Klee, 1938
11."O Brasil está dividido entre os abertamente cínicos e os que não conseguem se conter".
12. "O cara só é ateu quando está muito bem de saúde."
13. A paciência?
LOGO ALI, na primeira porta.
Mas bate de leve, senão ela fica furiosa.
14. "É preciso muita falta de dignidade
para ser um homem de bem".


15. "o futebol é o ópio do povo; o narcotráfico, da mídia"
16. "Que saudade quando os TRÊS Poderes eram Exército, Marinha e Aeronáutica"
17. "Pois eu, num pôquer com Maluf
e Brizola, só entrava com baralho meu."
18. "Confesso: sou pior sozinho do que mal-acompanhado."
19. O problema é que, além de não
ser mais o mesmo, eu ainda não sou outro.
20. Não há nada mais equivocado do que ter certeza.
21. O dedo do destino não deixa impressão digital.
22. "Alá é petróleo. E a Opep seu único profeta."
23. esnobar é exigir café fervendo e deixar esfriar.
24. "Como são admiráveis as pessoas
que não conhecemos muito bem.



segunda-feira, 11 de maio de 2009

no princípio era o texto- PARTE DEZ - MACHADADAS


91. Quincas Borba:
RUBIÃO fitava a enseada, - eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra cousa. Cortejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista.


92.A Mão e a Luva:
-- Mas que pretendes fazer agora?-- Morrer.-- Morrer? Que idéia! Deixa-te disso, Estêvão. Não se morre por tão pouco...-- Morre-se. Quem não padece estas dores não as pode avaliar. O golpe foi profundo, e o meu coração é pusilânime; por mais aborrecível que pareça a idéia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! tu não sabes o que isto é?-- Sei: um namoro gorado...


93. O nascimento da crônica:
Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.


94.Dom Casmurro:
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

95. O Empréstimo:
Vou divulgar uma anedota, mas uma anedota no genuíno sentido do vocábulo, que o vulgo ampliou às historietas de pura invenção. Esta é verdadeira; podia citar algumas pessoas que a sabem tão bem como eu. Nem ela andou recôndita, senão por falta de um espírito repousado, que lhe achasse a filosofia. Como deveis saber, há em todas as coisas um sentido filosófico. Carlyle descobriu o dos coletes, ou, mais propriamente, o do vestuário; e ninguém ignora que os números, muito antes da loteria do Ipiranga, formavam o sistema de Pitágoras. Pela minha parte creio ter decifrado este caso de empréstimo; ides ver se me engano.






















96. Suje-se GORDO!:

UMA NOITE, há muitos anos, passeava eu com um amigo no terraço do Teatro de São Pedro de Alcântara. Era entre o segundo e o terceiro ato da peça A Sentença ou o Tribunal do Júri. Só me ficou o título, e foi justamente o título que nos levou a falar da instituição e de um fato que nunca mais me esqueceu.

97. A Cartomante:
Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.

98. Desejada das Gentes:
— Ah! conselheiro, aí começa a falar em verso.
— Todos os homens devem ter uma lira no coração, — ou não sejam homens. Que a lira ressoe a toda hora, nem por qualquer motivo, não o digo eu; mas de longe em longe, e por algumas reminiscências particulares... Sabe por que é que lhe pareço poeta, apesar das Ordenações do Reino e dos cabelos grisalhos? É porque vamos por esta Glória adiante, costeando aqui a Secretaria de Estrangeiros... Lá está o outeiro célebre... Adiante há uma casa...

99.Idéias do canário:
Um homem dado a estudos de ornitologia, por nome Macedo, referiu a alguns amigos um caso tão extraordinário que ninguém lhe deu crédito. Alguns chegam a supor que Macedo virou o juízo. Eis aqui o resumo da narração.

100. Esaú e Jacó:

Era a primeira vez que as duas iam ao morro do Castelo. Começaram de subir pelo lado da Rua do Carmo. Muita gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi, muita haverá morrido, muita mais nascerá e morrerá sem lá pôr os pés. Nem todos podem dizer que conhecem uma cidade inteira.Era a primeira vez que as duas iam ao morro do Castelo. Começaram de subir pelo lado da Rua do Carmo. Muita gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi, muita haverá morrido, muita mais nascerá e morrerá sem lá pôr os pés. Nem todos podem dizer que conhecem uma cidade inteira.

sábado, 9 de maio de 2009

O AMANHÃ de todos os dias


A MÚSICA que é feita hoje é muito PESADA, ESTÁ ATINGINDO um nível INSUPORTÁVEL.
Não sei se aguento muito mais tempo se continuar OUVINDO isto.
Jimmy Hendrix em 1969, ano de sua morte.
TALVEZ eu NÃO DURE tanto quanto
outras cantoras, mas você pode destruir o seu presente
se preocupando com o AMANHÃ.
Por Janis Joplin em 1969, ano de sua morte.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

MADRUGADAS DE janeiro A MAIO


BENEDETTI


Maio 4, 2009, José Saramago

O susto foi grande, Mario Benedetti estava no hospital e o seu estado era considerado grave. Ángel González foi-se-nos quase sem aviso, numa fria madrugada de Janeiro. Que agora fosse a vida de Benedetti a estar em perigo lá no seu distante Montevidéu era algo que a preocupação aqui despertada não se resignava a aceitar. E, contudo, nada podíamos fazer. Enviar telegramas, à antiga usança? Mandar recados por algum amigo? Rezar uma oração pelo seu pronto restabelecimento, se com isso não fôssemos provocar a ira laica de Mario? Pilar encontrou a solução. Que era em verdade Mario Benedetti, que havia sido ele em toda a sua vida, muito mais que as múltiplas profissões exercidas? Poeta. Então arranquemos os seus poemas à imobilidade da página e façamos com eles uma nuvem de palavras, de sons, de música, que atravesse o mar atlântico (as palavras, os sons, a música de Benedetti) e se detenha, como uma orquestra protectora, diante da janela que está proibido abrir, embalando-lhe o sono e fazendo-o sorrir ao despertar. Aos médicos alguma coisa se ficou a dever, reconheçamo-lo, mas nós, todos os que ao redor do mundo demos a nossa contribuição pessoal, juntando poemas de Benedetti aos poemas de Benedetti, tivemos também a nossa parte no trabalho. Mario Benedetti está melhor. Leiamos então um poema dele.




Defender la alegría


Defender la alegría como una trinchera defenderla del escándalo y la rutina de la miseria y los miserables de las ausencias transitorias y las definitivas
defender la alegría como un principio defenderla del pasmo y las pesadillas de los neutrales y de los neutrones de las dulces infamias y los graves diagnósticos
defender la alegría como una bandera defenderla del rayo y la melancolía de los ingenuos y de los canallas de la retórica y los paros cardiacos de las endemias y las academias
defender la alegría como un destino defenderla del fuego y de los bomberos de los suicidas y los homicidas de las vacaciones y del agobio de la obligación de estar alegres
defender la alegría como una certeza defenderla del óxido y la roña de la famosa pátina del tiempo del relente y del oportunismo de los proxenetas de la risa
defender la alegría como un derecho defenderla de dios y del invierno de las mayúsculas y de la muerte de los apellidos y las lástimas del azar y también de la alegría.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

in memoriam




Augusto Boal (1931-2009)

mãos, asas e amores


PARA CRIS

Agora escrevo pássaros.

Não os vejo chegar, não escolho,

de repente estão aí,um bando de palavras

a pousar

uma por uma

nos arames da página,

entre chilreios e bicadas,

chuva de asas,

e eu sem pão para dar,

tão somente deixo-os vir.

Talvez seja isto uma árvore,

ou quem sabe, o amor.


OS AMANTES
Quem os vê andar pela cidade se todos estão cegos?
Eles se tomam as mãos: algo fala entre seus dedos,
línguas doces lambem a úmida palma, correm pelas falanges,
e acima a noite está cheia de olhos.
São os amantes, sua ilha flutua à deriva rumo a mortes na relva,
rumo a portos que se abrem nos lençóis.
Tudo se desordena por entre eles,
tudo encontra seu signo escamoteado;
porém eles nem mesmo sabem que enquanto rodam em sua amarga arena há uma pausa na criação do nada o tigre é um jardim que brinca.
Amanhece nos caminhões de lixo, começam a sair os cegos, o ministério abre suas portas.
Os amantes cansados se fitam e se tocam uma vez mais antes de haurir o dia.
Já estão vestidos, já se vão pela rua.
E só então, quando estão mortos, quando estão vestidos,
é que a cidade os recupera hipócrita e lhes impõe os seus deveres quotidianos.



Toco a tua boca.Com um dedo, toco a borda da tua boca, desenhando-a como se saísse da minha mão, como se a tua boca se entreabrisse pela primeira vez, e basta-me fechar os olhos para tudo desfazer e começar de novo, faço nascer outra vez a boca que desejo, a boca que a minha mão define e desenha na tua cara, uma boca escolhida entre todas as bocas, escolhida por mim com soberana liberdade para desenhá-la com a minha mão na tua cara e que, por um acaso que não procuro compreender, coincide exactamente com a tua boca, que sorri por baixo da que a minha mão te desenha.




Por Julio Cortázar (1914-1984); tradução de
Sidnei Schneider, 2007.

domingo, 3 de maio de 2009

MAIS DO quase MESMO







































































AGORA NÃO TEM MAIS JEITO: NESTE DOMINGO O Rio de Janeiro vai conhecer o seu campeão, ou TRICAMPEÃO, no caso de o vencedor ser o RUBRO-NEGRO!
Mas o que importa é que FLAMENGO E BOTAFOGO chegam pela terceira vez seguida à final da competição e ambos prometem fazer o maracanã ferver nesta finalíssima do dia 3 de maio!
E neste ínterim la vou eu de novo pro setor amarelo das arquibancadas torcer, sorrir, sofrer, gritar...





































sábado, 2 de maio de 2009

o mundo em IMPRESSÕES

















Acometido par uma catarata nos dois olhos, o pintor francês Claude MONET (1840-1926) APROVEITOU o estado de dificuldade visual e remanejou a idéia de enxergar com as imensas e estupendas decorações murais das "Ninféias", um série de murais expostas desde MAIO de 1927 no Museu do Louvre.

Depois das "Ninféias, o mundo nunca mais enxergou da mesma maneira; a impressão imposta por Monet retratou paisagens modificadas pela luz do dia, ou melhor à luz de Monet.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

29. JAZZZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



"Meu CHAPA, se você quer perguntar, É porque NUNCA IRÁ SABER"


Por Louis Armstrong(foto), a um amigo que vivia lhe pedindo para definir o estilo musical que ajudou a criar.




Jazz Crimes, por Joshua Redman Quartet.