quinta-feira, 9 de agosto de 2007

15: "De olhos bem fechados" ( Stanley Kubrick, 2000)


Encabeçando (ou encerrando,depende do ponto de vista) a lista, o último Kubrick das telas foi um thriller sinistro, delirante e apropriadíssimo ao seu estilo. O diretor de "2001" dá umas boas apunhaladas na mediocridade burguesa ao fazer do mistério um ponto de partida para os fúteis delírios de determinada classe. Cruise torna-se um curioso sobre os fascínios oferecidos pela noite após uma revelação de sua mulher, abrindo espaço em sua vida para orgias e festas das mais variadas, o que o faz se defrontar com vários de seus conflitos: insegurança, desejo, ciúmes, traição e, porque não, beleza! (aí entra a Nicole, óbvio!!) Como bem definiu o crítico Sérgio Augusto sobre a obra, "Cruise percebeu que o pecado da noite é o lixo do dia seguinte"



p.s: Kubrick ganhou na morte súbita de "O invasor", do Beto Brant, que entraria se eu citasse 16 títulos. Sobre este, fica uma excelente pergunta no ar ao término do filme: quem é realmente o tal invasor neste sistema viciado pela ilegalidade??


14: A Queda: As Últimas Horas de Hitler (Oliver Hirschbiegel, 2005)

Capitaneado pela insuperável representação de Hitler por parte de um inspiradíssimo Bruno Ganz, o longa nos faz crer que o final do ditador, confinado em um bunker em Berlim, é mesmo descrito de maneira fiel à história. Por melhor que seja, o filme não está à altura de Ganz, mas acerta ao apostar na degradação humana e em questionar a empatia de Hitler entre os seus cidadãos no fim de sua vida/carreira.


13. Elefante (Gus Van Sant, 2004)

Retrata o massacre de Columbine com muita sutileza, analisando as raízes que levaram à tragédia. O excelente trabalho de câmera, baseado nos planos-sequência, traz um cenário poético, trágico, mas sem apelar para o sensacional. Destaque para a ênfase em duas características próprias da sociedade atual: a rejeição do indivíduo e os (des)caminhos que tal ato podem gerar.


12- O Quarto do FIlho(Nanni Moretti, 2002)

Pequeno, delicado e direto! Na contramão dos europeus que apostam em drama, Moretti atua e dirige com sutileza e mostra como um homem pode lidar com a dor de várias maneiras, sem apelar para o sentimentalismo excessivo. O protagonista sofre um grande golpe e convida o público a compartilhar com ele dos rituais de isolamento e luta para se livrar do referido trauma. O filme nos deixa uma lição: como somos incapazes de lidarmos com a desgraça alheia quando estamos imersos na nossa própria dor.

11. Abril despedaçado ( Walter Salles, 2001)

Mais um desses espetaculares filmes brasileiros que envolvem assuntos próprios das entranhas do país aliado a um trabalho espetacular de direção de fotografia! Walter Salles mostra muita maturidade ao tratar de um tema tão fascinante quanto tétrico, a rixa de famílias tradicionais do nordeste brasileiro do início do século XIX. A obra usa o desconhecido para estimular angústias, revoltas e excessivas reflexões no espectador, com atuações brilhantes e diálogos concisos!


10. Os Contos Proibidos do Marquês de Sade (Philip Kaufmann, 2000)

Levantando a bandeira da liberdade de expressão, estamos diante de uma atuação que entra para a história do cinema: Geoffrey Rush encarna o espírito do Marquês de Sade com tanta maestria que nos faz torcer euforicamente pela saciedade do desejo como instinto básico- que é o tema da obra do real marquês. O final é escatológico, o que pode desagradar a alguns desavisados, mas o nobre erótico salva o filme ao combater a eterna hipocrisia da sociedade. Quem viu Rush em "Shine" e o achou inspirado, ainda não pegou o ator em um de seus melhores dias!


9. Pequena Miss Sunshine ( Jonathan Dayton e Valerie Faris, 2007)

HAHAHAHA! como não começar a falar sobre isto sem dar boas gargalhadas! Divertido, tocante, inteligente, o que mais dizer dessa comédia que rema em sentido contrário à maré hollywoodiana ?
E tudo isto com vários "malucos inofensivos" habitando o mesmo veículo:o pai com o discurso de vencedor, o adolescente fã de Nietszche mergulhado em seu sonho aéreo, o avô viciado em heroína, o tio proustiano e suicida e a adorável Olive sonhando em ser miss. Lembrei na hora do nosso também engraçadíssimo e criativo "Narradores de Javé"(Eliane Caffé, 2003) , que pelas ótimas tiradas e grande atuação de José Dumont, poderia figurar em qualquer lista dos melhores brasileiros dos últimos tempos.


8. Tiros em Columbine (Michael Moore, 2003)

Outra vez Columbine, mas desta vez com pesadíssima patada de Moore, em seu melhor documentário. O diretor arrebentou ao partir da tragédia no colégio para destrinchar a cultura das armas e evidenciar algo que nos parecia distante: o medo irreal em que vive o povo norte-americano.Fuck You, Charlton Heston!

Um comentário:

Bernardo Simbalista disse...

Fala Lima, cadê o restante da lista? Dessa parcial vi apenas três filmes: De Olhos bem Fechados, Elefante e Tiros em Columbine. Não sei se estariam todos na minha lista, mas são filmes memoráveis mesmo. O primeiro, já arranca na frente por ser do 'mestre'...aí fica difícil para o Beto Brant (rs) Os dois outros, cada um a sua maneira, são de fato muito bem sucedidos ao tocar na ferida americana de Columbine. Boas escolhas. Acho que vou fazer a minha lista também. Só não sei quando...rs
abs