"Compreendo agora o quanto estava me enganando, mas só bem mais tarde fui me dar conta disso. Por princípio, um pensamento é algo de que se tem consciência. Seria legítimo dizer que não pensamos quando não temos consciência do pensamento ? (...) é possível que eu tivesse conseguido sair desse fosso. Se era uma condição permanente ou passageira, isso nao está claro para mim. Tenho, porém, a impressão visceral de que, durante algum tempo, fiquei realmente à deriva, debatendo-me dentro de mim, mas não creio que isso configurasse um caso perdido.
Alguma coisa havia, estava passando por grandes mudanças, e ainda era cedo para saber no que iam dar. Inesperadamente apresentou-se uma solução. Mas se "solução" for uma palavra muito otimista, melhor empregar "compromisso". Fosse como fosse, não ofereci resistência à proposta que recebi. Minha capacidade de julgamento não era a mesma, e esse foi meu segundo grande erro, consequência direta do primeiro."
"Trilogia de Nova York", Paul Auster.
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