quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

realidades dantescas



Imaginar o tombadilho de uma embarcação como o único sonho possível foi e é e será uma imagem a me marcar por toda a vida. O épico de Castro Alves, "Navio Negreiro", data de 1868, ano em que o poeta baiano completou 21 anos - só lembro de algo tão magnífico e precoce ao mesmo tempo quando falo de Noel Rosa, que morreu aos 24 com mais de duzentas composições musicais ou de Mozart, que dispensa apresentações).
(...)Era um sonho dantesco... o tombadilho, Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...


"Navio Negreiro" representa em sua melhor forma todo o sofrimento pelo qual os escravos passavam nos porões das caravelas durante a travessia pelo Atlântico rumo ao Brasil. Estar em um tombadilho, local que era tido como o máximo de liberdade naquele momento, foi visto como um libelo contra a opressão aos escravos que se acumulavam nos porões.


Tal como a água, seja a do mar, a qual os escravos sonhavam em vislumbrar, ou a potável, a que usamos diariamente para saciar a sede - e que para alguns ainda é de difícil acesso, - sempre fui contra a idéia de seletividade, do isolamento e de segregação. Desde mais jovem tenho em mente que todos somos capazes de participar de tudo e, consequentemente, aprender sobre todas as coisas, e que a distinção sempre gera amarras, bloqueios e incorreções naquilo que poderíamos chamar de real, autêntico, legítimo.

Venho tratar desse assunto porque aqui acabo de desconsiderar aquilo em que acredito e aplico o caminho torto neste nosso outrora democrático espaço. Muitos de vocês já devem ter percebido que os comentários aqui feitos só serão exibidos mediante aprovação dos que detém o direito de postagem. Ainda que eu discorde de tal medida, pois o nosso blog existe desde meados de 2007 e sempre pregamos pela liberdade de expressão, achei por bem tal medida, pelo menos por enquanto, já que alguns resolveram fazer do espaço um panfleto em favor de seus próprios egos e personalidades.

2 comentários:

Adriana Calábria disse...

Ando em falta por aqui. Mas é por uma boa causa: Estudos...
É lamentável ter que moderar comentários, mas fazer o quê?
Tive que tomar essa atitude também por motivos outros...
Mas confesso que também não gosto!
Bjsss

Pablo Lima disse...

tusdo certo, srta. calábria! cada visita sua é de uma satisfação inimaginável para mim!

É sempre bom usarmos de argumentos qu questionam a nossa noção de democracia; asism ficamos mais sábios e experientes. ou seria ao contrário??