quarta-feira, 29 de julho de 2009

33.saveiros ancorados



Poucas palavras concretas me trazem à tona imagens tão subjetivas quanto CAIS; a idéia de partida, da busca de novos horizontes, de mundos diferentes, ou mesmo a chegada, O RETORNO, a volta pro mundo antes habitado, o novo reconhecimento do local que antes era tido como conhecido - ou este mudou ou o indivíduo é que não vê o mesmo local como antes.
Esta sensação remete à idéia do filósofo Parmênides, o primeiro a tratar sobre o fato de tudo fluir e nada permanecer; é dele é a célebre construção, "você não consegue se banhar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras sempre vão fluindo, e você, a cada segundo, não é mais o mesmo..."

Poucas vezes também me emocionei tanto com uma música quanto à subjetiva CAIS, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, LANÇADA NO álbum Clube da Esquina em 1972. Tanto a letra quanto a melodia parecem-me perfeitas individualmente e ao mesmo tempo perfeitas também quando entoadas simultaneamente; o mar como a casa do sonhador, que sabe como poucos a vez de se lançar em busca de novas aventuras. Outra reflexão: situações (pessoas, coisas, momentos,etc) individualmente perfeitas podem continuar perfeitas quando juntas ?

Aproveitando a proposta de Parmênides, e dada a multiplicidade de interpretações, lanço aqui três versões da mesma canção: a primeira delas, uma fusão das versões de Milton e Elis, e depois as de duas cantoras da nova geração, em mais uma caminhada pela estrada do Clube.



Cais
Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

Um comentário:

Agnes R. disse...

E assim, chegar e partir
são só dois lados
da mesma viagem...