segunda-feira, 17 de março de 2008

FAROFINHA PRO ALMOÇO

Direto do blog do meu amigo Felipe Charbel - http://maracanazzo.wordpress.com/ - trago estas belíssimas palavras. Especialista em política, carnaval, literatura das boas e futebol, Charba compartilha do momento em que este periódico anuncia que os diálogos e parcerias com outros blogs entram numa era de boas-vindas! E antes que alguém aponte a carência dos meus escritos por aqui como motivo, já adianto que a razão de tal procedimento se deve à excelência dos escritos que tenho visto nas publicações online mundo afora.




"Estou cansada. Não é fácil lavar meias ouvindo as lamúrias do Arimatéia. Ou as digressões do Tzu. O meu marido não gosta deles, acha que são más influências. Diz que me esqueço da casa quando penso em literatura. O Ribeiro é meio intransigente com isso, a louça, a janta. Não posso fazer o mesmo prato antes de dezoito dias, porque o estômago dele é sensível a repetições alimentícias. Não posso lavar os copos e talheres com detergente comum, ou ele fica com bolhas na língua. São detalhes que minam uma visão estética da vida, Adionson. E Isso não deve ser publicado. Espere a minha morte, que não deve demorar. Ando doente. Tenho umas câimbras abdominais muito dolorosas, uns espasmos na panturrilha, torcicolo. Ontem recebi um e-mail do Tzu. Ele escreveu um livro em inglês, vai ser publicado mês que vem. Mandei pra ele um texto que saiu na Kritik(a). Sempre recebo aqui em casa as revistas, a Maracanazzo também, mas raramente leio. E não é só por falta de tempo. Por que leria? What’s the point? Mando tudo pro Tzu. Ele adora, sabe? É um erudito. Veja esse e-mail.
Mana, essa diatribe de Fuentino Fajardo contra o turco-otomano Sjklçspi Plarfsgsj é supimpa. Jacta est. Tem um estilo “foda-se” que remete aos anti-contos da época da Desembargador Izidro. Ou aquela autora das Ilhas Faroe que você me indicou. Lembra? Estou mandando meu livro pelo correio. Quero sua opinião. Saudades, John.
Respondi hoje cedo. Quer ver o que escrevi? Deixa eu abrir, um segundo. Aqui. Tzu, o estilo “foda-se” pode se confundir com a literatura whatever. Pense nisso. E nunca te indiquei uma autora das Ilhas Faroe. Eu inventei, e por sorte alguma mulher daquela ilha escrevia bem. Não me interesso por textos, você sabe disso. Me mande um livro de culinária hindu, bem ilustrado. Ou uma coletânea de máximas chinesas. Aguardo retorno, Estela.
Coleciono máximas, Adionson. É um passatempo interessante. Ontem disse ao Ribeiro: luz do tempo, força a calçada. Tirei de um haicai. Tem outro: dia nublado, nuvem, uma estátua de framboesa. Mandei fazer um pôster com esses dizeres. Pro Tzu existe uma época da Desembargador Izidro, um período de formação, uma coisa memorável, sabe? Para mim, a Desembargador Izidro tem cheiro de refogado de alho com azeite, água de colônia Adis-Abeba, suco da tangerina com açafrão. Isso não é nada literário, Adionson. Outro dia o Arimatéia me ligou. Eu não estava aqui. Nunca saio de casa, mas nesse dia precisei ir ao Wall-Mart comprar cebolinha e abacaxi. Hoje de manhã o Ribeiro se lembrou e me deu o recado. Aquele seu amigo telefonou semana passada. Não gosto dele, mas acho que tenho a obrigação de dizer. Uma farofinha… você faz uma farofinha pro almoço? Talvez tenha sido intencional. Talvez não. Quem se importa? Você não quer escrever um conto sobre isso?"

2 comentários:

Felipe Charbel disse...

Fala Pablito, gentileza sua. Botei um link para o Delírios lá no maracanazzo. E hoje é 2x0.

abraço!

Pablo Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.