sábado, 27 de setembro de 2008

GONZO para maiores



















Caso você goste de Jornalismo, já deve ter desistido de ler as matérias dos principais periódicos. Ou de ler sobre o assunto. Por agora não encontramos notícias com vitalidade; falta viço, rebeldia, destreza, cinismo. No Jornalismo atual não há idiossincrasias suficientes para que o gênero se sustente como algo de valor.

Mas enfim, as adjetivações se dão porque quero falar do Jornalismo GONZO. Versão mais radical do New Journalism, o Gonzo foi criado por Hunter Thompson em 1971, à época um brilhante repórter da Rolling Stone - pra quem não conhece a Rolling, ja postei sobre ela em outra ocasião.

Segundo Thompson, o a reportagem só poderia render caso o entrevistado fosse provocado. Para ele não havia escrúpulos ou limites na relação com o entrevistado, tudo em nome do envolvimento pessoal com a ação que estava descrevendo; sem medir as consequências, fossem elas entrar em territórios proibidos ou xingar/agredir as pessoas que participavam da entrevista. Ou seja, no Jornalismo Gonzo o que importa é o envolvimento profundo do autor no processo de elaboração da história; ou seja, o autor é o próprio personagem.

Mas é óbvio que Thompson teve sérios problemas com a proposta; caso tudo isto não fosse problemático, não teria sido GONZO, e muito menos este personagem não teria se chamado Hunter S. Thompson. Como exemplo, ele levou uma tremenda surra dos motoqueiros do Hell´s Angels após uma série de insultos. E claro que tudo isto regado a bebedeiras, drogas e muito, muito sarcasmo. Uma de suas frases mais célebres era: "não me importa a ofensa, e sim a reação do entrevistado".

Como a vida quase sempre acompanha os descaminhos da arte com a qual lidamos diariamente, Hunter Thompson se suicidou com um tiro de espingarda na cabeça em 20 de fevereiro de 2005.


3 comentários:

Márcia Régis disse...

Pablo,

Primeiramente, obrigada por visitar o meu diário De Passagem e muito obrigada pelo "parabéns"! Com certeza, hoje é dia de festa, sem telenovela no meio, este vício da vida (atualmente e por ora) campineira.
Fui jornalista e este seu post tem tudo a ver. Gostei de conhecer o Gonzo. bj

Valéria Martins disse...

Pablo, tem um filme sobre jornalismo gonzo no Festival do Rio, vc viu na programação? Chama-se "Gonzo, um delírio americano", na mostra DOX. Ainda vai ser exibido, esta semana.
E tem o filme sobre a vida do Hunter Thompson, com o Johnny Depp, mas eu não assisti.
No carnaval de 2007, um conhecido, que é escritor, se fantasiou de Hunter Thompson, acredita? A principal peça da fantasia era o óculos em formato Ray ban com as lentes amarelas, hahaha!...
Bjs

Alessandra Castro disse...

Nosss. Esse aí realmente soube aproveitar a vida.