terça-feira, 30 de setembro de 2008

querelas QUASE sempre certas


Camus, sem dúvida, permanecerá como o mais simpático dos dois. Porque morreu jovem, e tão subitamente, ele nunca ficará velho aos nossos olhos, enquanto que podemos visualizar Sartre se tornando um idoso desgastado, parecendo sobreviver a si mesmo, deixando para trás querelas inverossímeis sobre se suas últimas palavras são realmente sua própria voz.

Embora o sucesso tenha aparentemente subido à cabeça de Camus, e o peso e as feridas das discussões o tenham deixado amargurado, ele foi sempre uma pessoa visivelmente sentimental, sofredora e vulnerável, e mesmo seus poderes literários pareciam mais suados e humanos do que os incríveis dotes intelectuais de Sartre.

E enquanto o Sartre político foi um fanático, um pregador da servidão voluntária, Camus sofreu do mal de estar quase sempre certo.


Sartre´s Last Words, Ronald Aronson, 2004.

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