"Teremos camas com os mais leves cheiros
E profundos divãs, quais mausoléus,
Além de estranhas flores nas prateleiras,
Pra nós abertas em mais belos céus.
A porfia gastando os ardores últimos,
Os nossos corações, quais labaredas,
Refletirão as suas chamas duplas
Nas nossas almas, dois espelhos gêmeos.
Numa noite de rosa e de azul místico
Um só relâmpago iremos tocar,
Como o soluço de um adeus sem fim;
E um Anjo, mais tarde, abrindo as portas,
Alegre e fiel, virá reanimar
Os baços espelhos e as chamas mortas."
Excerto de "A morte dos amantes", in As flores do mal, de Charles Baudelaire , obra que completa 150 anos em 2008.
2 comentários:
"Como o soluço de um adeus sem fim.."
Muito bom hein?! Tratando-se de amantes apaixonados..
Olha essa pérola do francês: "A gramática, a mesma árida gramática, transforma-se em algo parecido a uma feitiçaria evocatória; as palavras ressuscitam revestidas de carne e osso, o substantivo, em sua majestade substancial, o adjectivo, roupa transparente que o veste e dá cor como um verniz, e o verbo, anjo do movimento que dá impulso á frase."
Muito boa, né?
bjos
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