terça-feira, 7 de abril de 2009

VI.DESONRA

John Maxwell Coetzee, 2000.

“Um belo dia, tudo isso acabou. Sem aviso prévio, ele perdeu os poderes. Olhares que um dia correspondiam ao seu deslizar como se passassem através dele. Da noite para o dia, virou um fantasma. Se queria uma mulher, tinha de aprender a conquistá-la; muitas vezes, de uma forma ou outra, tinha de comprá-la (...)
E, surpreendentemente, gota a gota, a música vem. Ás vezes o contorno de uma frase lhe ocorre antes de ele saber qual será a letra; às vezes, as palavras pedem uma cadência; às vezes, uma sombra de melodia, que pairou dias e dias nas bordas da audição, se desdobra e abençoadamente se revela".

Aclamado como o maior escritor africano dos últimos anos, o ritmo alucinante e veloz da narrativa do sul-africano J.M. Coetzee é mesmo arrebatador. Nesse romance, ele emprega um estilo preciso ao descrever atos violentos numa Cidade do Cabo pós-apartheid. A segregação racial é o ponto de partida para a trama, e os personagens- brancos e negros- se vêem em papéis invertidos e têm na incompreensão do outro a base para seus atos e discursos. O acúmulo de situações, inflamado pelos inúmeros sofrimentos descritos, fazem da obra leitura obrigatória entre os que se identificam com temas como racismo, velhice e traição.


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