segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ANTES DA SINTAXE

Flechadas, Eugênio Recuenco.

Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás", o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível muleta que me apoia.Quem entender a linguagem entende Deus, cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infreqüentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror.


ANTES DO NOME, Adélia Prado.

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