sexta-feira, 3 de outubro de 2008

PEDRAS NA RETINA

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho

Tinha uma pedra
no meio do caminho
tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca esquecerei que
no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.


Carlos Drummond de Andrade (publicado há 80 anos, em outubro de 1928.)

3 comentários:

Valéria Martins disse...

Este poema é tão simples e ao mesmo tempo enigmático. O mais importante é que nos faz sentir o peso das "retinas" tão fatigadas, né? A passagem do tempo e o momento especial - e essencial - em que nosque de repente já passou muito e a gente não tem como recuperar...
Beijos,

Pablo Lima disse...

val, vc.compreendeu como poucos o poema...

Pablo Lima disse...
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