domingo, 20 de maio de 2007

POESIA OU FILOSOFIA ?

POR CÁSSIA JANEIRO









Saio cega da caverna de Platão.
procuro os sábios do templo, os filósofos e os magos.
esbarro em sombras que persistem;
caminho atordoada e feliz
sem saber o caminho,
sem saber se o lado de fora é outra caverna
meu caminho é sem volta
porque o mundo- com todas as cavernas- está dentro de mim.





Subo a montanha
Pontilhada de perguntas
sei que de cima
verei o que vivi
(cheiros, sons, cores e sabores)
porque experimentei o mundo antes
de vê-lo de longe
a montanha se move e lateja
pulsa a minha alma
cravada de dúvidas
que um dia foram certezas
eu sou a minha própria montanha.








Vacilo, mas não me arrasto
Nesta floresta de espinhos rascantes que é a vida.
(...)os espinheiros se fecham
e me alcançam a pele do Avesso
ao acaso e sem razão
o Hades gesticula com mãos sangrentas
reduzida a migalhas, meus restos se espalham aos abutres
minha alma, entretanto, ainda geme
até que tudo cesse num último suspiro
que seja veloz e indolor
como um talho de navalha.

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